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Cassilândia: delegado conclui que soldado quis matar tenente

Bruna Girotto - 23 de novembro de 2011 - 07:06

Em entrevista à Rádio Patriarca concedida ontem (22), o delegado Rodrigo de Freitas falou sobre a conclusão do inquérito policial que investigava a morte do tenente José Eufrásio da Silva, 49 anos, ocorrida no dia 15 de outubro em Cassilândia (MS).

Em seu relatório final, o delegado concluiu que o soldado da Polícia Militar, Adriano Paulo da Silva, 34 anos, conhecido como Paulão, é culpado pela morte do tenente. \\\"Ele vai ser responsabilizado pelo crime de homicídio doloso\\\", contou.

Os laudos periciais, segundo o delegado, foram essenciais para que ele pudesse chegar a esta conclusão. \\\"É um trabalho demorado e tem muitas provas. O acusado Paulo deu uma versão de que teria atirado para cima e não queria ter acertado. Porém, o laudo é contrário. Um dos disparos que foi em direção à vítima, mas não acertou, tinha uma distância de 78cm. Isso indica que o acusado deu um tiro em direção à vítima e não para cima, como alegou. Ele tinha intenção de matar e ficou provado pela perícia\\\", disse.

Em relação às posições da pessoas que estavam no local dos fatos, ele é o único que fala diferente.

Rodrigo contou que a esposa do acusado foi ao quartel da Polícia Militar conduzida pelos policiais militares. Chegando, ela comunicou ao plantonista do dia que queria falar com o tenente Eufrásio. \\\"Ele foi até o quartel para tentar solucionar esta questão\\\", afirmou.

Respondendo as dúvidas da família, o delegado disse que ouviu muitas testemunhas: \\\"As que estavam no local do fato e ajudaram a socorrer não viram o veículo do tenente Eufrásio lá. O veículo ficou o todo tempo no quartel. Ele saiu do quartel com os policiais militares e foi até o local do crime\\\".

Ao chegar no local do crime, houve uma discussão devido a uma dívida. \\\"Apuramos que existia uma dívida, mas ela iria vencer apenas em dezembro. Esta dívida não estava vencida. Outras dívidas não sabemos se existem. Independentemente disso, começou uma discussão, onde o tenente disse que ia ser rígido com ele e iria penalizá-lo. Então, o soldado perdeu a cabeça e efetuou um disparo contra ele. Ao meu ver, o que o tenente falou foi dentro da normalidade, pois ele era comandante. Tivemos informações que o Paulo já estava tendo problemas há um certo tempo\\\", relatou o delegado.

A perícia apurou que o Paulo deu o primeiro disparo e o tenente Eufrásio correu para o lado esquerdo da casa e o Paulo deu mais disparos. \\\"Todos estes disparos o Paulo errou. Só que na sequência, ele correu para o outro lado do corredor, porque ele percebeu o tenente estava correndo também. Ele deu a volta na casa. Neste momento, ficou demonstrado, pelas provas periciais, que o Paulo deu o disparo de arma de fogo para acertar o tenente Eufrásio no corredor menor. Ele deu um disparo e errou, acertando a parede. E um outro disparo ele acertou na região abdominal\\\", contou.

O delegado continuou: \\\"O Paulo disse que não teria dado nenhum disparo antes de entrar em luta corporal. Mentira. Ele deu um disparo sim, que atingiu a região abdominal. Este disparo não teria matado o tenente Eufrásio ainda. Mas ele alvejou para matar, porque atirou no tórax. Este tiro foi de 1,30m a 2m. Neste momento, eles entraram em luta corporal. Foi neste momento que um policial atirou, da pistola ponto quarenta. Ficou demonstrado que o policial deu o disparo na linha da cintura do Paulo. Durante a briga corporal, o Paulo efetuou um disparo transversal - de cima para baixo - e atingiu uma artéria do tenente\\\".

Rodrigo entende que houve uma execução por parte do Paulo. \\\"Os outros policiais não pretendiam atingir ou machucar o tenente Eufrásio\\\", disse.

Ele explicou que a camiseta da vítima estava cheia de sangue. O funcionário da Santa Casa pegou a camiseta, lavou e colocou no lixo hospitalar. A camiseta serveria para mostrar se o tiro foi encostado ou à distância. Só que, em conversa com os peritos, pelas marcas que os disparos deixaram eles já conseguiram verificar. \\\"Apuramos que dos dois disparos da região abdominal, um foi a queima roupa e o outro foi à curta distância. Com isso demonstramos a intenção do Paulo de matar\\\", contou.

Segundo o delegado, o policial militar Caleghari foi chamado ao local do crime pelo soldado Paulo. \\\"As testemunhas relataram que Paulo havia consumido bebida alcoolica. Ele estava nervoso, discutiu com a mulher e ela saiu de casa. Ele pediu para o policial militar Caleghari ir até o local. Neste momento, o Caleghari já havia praticamente contornado a situação e estava com a criança no colo e não estava armado. No momento que o tenente Eufrásio chegou ele teria dito que ja havia contornado a situação, porém, mesmo assim, houve a discussão. E neste momento, o Paulo pegou a arma e efetuou o disparo\\\".

Disse ainda: \\\"A gente sabe que o policial não estava esperando isso. Ele quis proteger a criança. Como ele ia entrar na linha de tiro? Tinha policiais armados, ficando difícil desse policial tomar qualquer atitude\\\".

Ele disse entender o fato da família do tenente estar magoada e triste: \\\"A gente entende. Mas estamos aqui para fazer o trabalho com isonomia e muita imparcialidade\\\".

E concluiu: \\\"No momento em que o policial pôde agir, ele agiu. O lugar é muito estreito e por isso um policial ficou na frente do outro, sendo que o policial que ficou atrás não conseguiu efetuar disparo. O outro policial militar efetuou o disparo e infelizmente, naquela adrenalina, ele errou. E depois efetuou o segundo disparo no momento em que o Paulo e o tenente Eufrásio estavam caindo, sendo que ele atingiu a cabeça do tenente, que veio a óbito.\\\"

(A reprodução desta matéria é permitida desde que citada a fonte)




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