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Casos mais graves terão prioridade no transplante

Dourados News - 23 de março de 2005 - 15:53

A ordem da fila de espera para transplante de fígado no País deixará de obedecer ao critério cronológico e passará a funcionar pelo critério de gravidade.

Quando houver um órgão disponível, os pacientes que terão prioridade serão aqueles que apresentarem o quadro clínico mais grave e não mais os que entraram na fila primeiro - como ocorre desde 1998. A decisão foi tomada quinta-feira, na última reunião da Câmara Técnica do Fígado, montada pelo Ministério da Saúde, e deverá entrar em vigor nos próximos dois meses.

O ponto-chave para a mudança foi o resultado de uma pesquisa feita pelo ministério, segundo a qual 61% dos pacientes na fila não têm indicação para receber o transplante. São pessoas com quadro clínico muito precoce, para as quais a cirurgia seria mais perigosa do que a própria doença. "Passa a prevalecer o critério de expectativa de vida do paciente", confirmou o coordenador do Sistema Nacional de Transplantes, Roberto Schlindwein.

"Os primeiros a serem atendidos serão aqueles com maior risco de morte, como ocorre em qualquer pronto-socorro. É o mais racional e mais ético a se fazer." A fila por um fígado hoje tem cerca de 6 mil pessoas, com espera que pode chegar a dois ou três anos. Sem os 61% que não precisam do transplante, esse número cai para cerca de 2.300.

"Pela situação atual há uma tendência de incluir pacientes na lista que estão em situação muito precoce. Isso faz com que a lista seja aumentada artificialmente e prejudica os pacientes mais graves", disse Schlindwein. "É uma situação insustentável, que precisa ser mudada o mais rápido possível." No outro extremo, há 1% de pacientes em estado muito grave, mas que já passaram do tempo de receber o transplante e poderiam sair da fila.

Exame de sangue A ordem passará a ser determinada por um exame de sangue chamado Meld, usado nos EUA, que permite determinar o risco de morte do paciente num prazo de três meses. O resultado é um número de 6 a 40, do menor risco ao mais grave.

Pelo sistema aprovado, pacientes com Meld acima de 35 terão prioridade para transplante, seguidos pelos pacientes com Meld entre 25 e 35, e assim por diante. De 15 para baixo, o transplante deixa de ser recomendado (situação de 61% da lista atual). Os pacientes, então, passarão por testes periódicos e seu lugar na fila será determinado com base nesses resultados.

A Câmara Técnica do Fígado, formada por sete médicos especialistas, foi criada no ano passado para aconselhar o ministério nessa questão. A votação final foi de 5 a 2 pela mudança. Apesar de ter caráter apenas consultivo, Schlindwein garantiu que a decisão será acatada pela pasta, que deverá baixar portaria oficializando a alteração.

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