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Caso de espião envenenado pode tirar investimentos russos no futebol inglês

Correio do Estado - 19 de março de 2018 - 08:40

Sergey Skripal, ex-espião russo, e a filha foram envenenados no início de março na cidade inglesa de Salisbury. O fato criou uma nova tensão diplomática entre Reino Unido e Rússia, em um caso que pode atingir alguns dos principais clubes de futebol do Campeonato Inglês.

De acordo com o jornal The New York Times, a primeira-ministra britânica Theresa May quer mais rigor sobre o dinheiro mantido por magnatas russos no Reino Unido, o que poderia afetar clubes como Chelsea, Arsenal e Bournemouth, entre outros.

A partir da década de 1990, após o colapso da União Soviética, empresários russos deram início a uma onda migratória de investimentos, levando seu dinheiro para o Reino Unido através de empresas registradas em territórios do país considerados paraísos fiscais, como as Ilhas Virgens Britânicas. A ideia era fugir dos impostos cobrados na Rússia.

Segundo um estudo do Deutsche Bank, entre 2006 e 2015, cerca de US$ 129 bilhões chegaram ao Reino Unido por meio de transações de empresas offshore - segundo o The New York Times, "boa parte vindo da Rússia". Os investimentos nos territórios britânicos deram origem a uma nova subcultura, chamada Londongrado - uma tentativa de definição da influência dos russos no Reino Unido.

Também segundo a publicação, embora Vladimir Putin, presidente da Rússia, condene a fuga de capitais, "ele tolera o hábito em seu círculo íntimo". "Putin quer repatriar (o dinheiro). Mas o contrato social diz que, se você mostra lealdade, pode viver da maneira que quiser", disse Cliff Kupchan, presidente do Eurasia Group, uma firma de consultoria, ouvido pelo diário.

A RELAÇÃO COM O FUTEBOL

Desde a década de 1990, o empresário Roman Abramovich é próximo dos presidentes da Rússia. Seus conselhos tiveram grande peso, por exemplo, para que Boris Yeltsin, chefe de estado da Rússia entre 1991 e 1999, apontasse o próprio Putin como seu sucessor no fim de 1999. Desde então, político e bilionário têm uma convivência de proximidade.

Abramovich comprou o Chelsea em 2003, levando o clube a conquistar, entre outros títulos, a Liga dos Campeões da Europa em 2012. Nos últimos anos, também de acordo com o The New York Times, empresários russos "começaram a construir relações com políticos britânicos, fazendo grandes doações ao Partido Conservador".

Ainda que seja integrante do próprio Partido Conservador, Theresa May quer uma postura mais dura frente aos magnatas russos no país após o envenenamento de Sergei Skripal. Na quarta-feira, a primeira-ministra prometeu "congelar os ativos russos no país", caso se prove que possam ser usados "para ameaçar a vida ou a propriedade de cidadãos do Reino Unido". "Não há lugar para essa gente - ou para seu dinheiro - em nosso país", afirmou.

 O principal alvo, no caso do futebol, seria o próprio Roman Abramovich. Segundo Matthew Syed, colunista do jornal britânico The Times, o empresário poderia até mesmo perder o controle do Chelsea caso o Reino Unido resolva tomar os ativos dos empresários russos no país.

Outros nomes podem correr risco semelhante. Alishe Usmanov, dono de 30,04% das ações do Arsenal, e Maxim Demin, proprietário do Bournemouth, também poderiam perder seus clubes.

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