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Geral

Caso Asmego: juiz recebe denúncia e marca interrogatório

TJ/GO - 20 de junho de 2007 - 06:28

O juiz-substituto Luís Flávio Cunha Navarro, em atuação na 9ª Vara Criminal de Goiânia, recebeu hoje (19) denúncia oferecida contra o gerente de serviços Rodrigo Prado de Oliveira, o bacharel em Direito Régis Prado de Oliveira e o gestor de agronegócios Marco Valério Caetano de Oliveira. Os dois primeiros foram acusados de furtar aproximadamente R$ 2,7 milhões da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego) enquanto o terceiro, por receptação de veículos adquiridos com o dinheiro furtado da instituição. Luís Flávio designou o dia 25, às 16 horas, para o interrogatório dos três, que estão presos na 8ª Delegacia Distrital de Goiânia.

De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), Rodrigo ocupava o cargo de tesoureiro da Asmego e gozava de grande confiança da associação, possuindo as senhas das contas da administração e investimentos fornecidas pela diretoria, bem como o aparelho Token, que lhe permitia acessar e movimentar, com segurança, todas as contas pelo sistema via internet-bankline. Com isso, entre março de 2006 até maio deste ano, Rodrigo passou a fazer transferências ilícitas das contas da Asmego para contas-correntes de terceiros.

Para falsificar os extratos reais das contas sem chamar a atenção da diretoria da entidade, o tesoureiro acessava o site do banco onde as contas eram movimentadas, digitava a senha e visualizava o extrato da conta-corrente desejada. Em seguida, selecionava todo o extrato, copiando-o, e colava-o no programa Microsoft Word, apagando os registros nos quais apareciam as transferências ilícitas. Na seqüência, fazia a atualização do saldo, já com todas as alterações, e imprimia o extrato, enviando-o ao contador da instituição, José Rodrigues da Silva, para que fosse elaborado o balancete mensal que era enviado à diretoria.

Segundo a promotoria, no decorrer de mais de um ano, Rodrigo adquiriu, desta forma, um grande patrimônio consistente em bens móveis - como veículos de luxo e lanchas - e imóveis, como casas, flats e sobrados. Além disso, gastava grandes somas de dinheiro em casas noturnas na companhia de amigos. Para a família, alegava que tais aquisições - impossíveis para seu cargo, cujo salário líquido era de aproximadamente R$ 2 mil - eram provenientes de vantagens que recebia para fechar contratos licitatórios, vez que chefiava as concorrências públicas da Asmego, e também de propinas resultantes de vendas de sentenças. "Portanto, toda a família sabia que a origem do dinheiro, de qualquer forma, era criminosa", observou a promotora Elaine Barbosa da Silveira.

Parceiros

A participação de Régis no esquema ficou comprovada, segundo o MP, porque ele emprestou ao irmão sua conta-corrente pessoal, aberta em uma agência do Banco do Brasil, para viabilizar as transações ilícitas de Rodrigo. Para tanto, forneceu ao então tesoureiro da Asmego três talões de cheque assinados e em branco, além da senha de um cartão do banco e cópias de toda sua documentação pessoal.

Marco Valério, por sua vez, abriu no início deste ano uma loja de revenda de veículos usados denominada Center Auto e recebeu de Rodrigo cinco veículos, os quais colocou à venda: um Honda Prelude, um Ford/Escort XR3, uma Nissan Máxima, um Mercedes Benz e uma motoneta Peugeout. Para a promotoria, ele sabia da procedência ilícita dos veículos porque "a condição financeira que Rodrigo ostentava e o patrimônio amealhado eram incompatíveis com o salário que recebia na associação".

O desfalque somente foi descoberto porque Rodrigo passou a não mais esconder sua ascensão financeira e começou a estacionar, no pátio da Asmego, os veículos de luxo que adquiria com os furtos. No final de maio, José Rodrigues descobriu uma diferença de R$ 8 mil durante conferência dos extratos das contas da associação. Diante disso, compareceu ao Banco Itaú, onde as contas eram movimentadas, e ali confrontou os extratos bancários oficiais com os enviados por Rodrigo para a realização dos balancetes. Constatada a irregularidade, o contador comunicou o fato à diretoria, que proibiu imediatamente a entrada de Rodrigo na entidade e, após auditoria, levou os fatos ao conhecimento da polícia. (Patrícia Papini)

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