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Casais estão preferindo ter gêmeos para ‘maximizar’ gestação

Portal Segs - 14 de outubro de 2015 - 09:00

Cada vez mais as pessoas se sentem cobradas para ‘render mais’, fazer mais em menor tempo e com menor custo. O problema é quando esse tipo de pré-requisito chega ao consultório do especialista em Medicina Reprodutiva. De acordo com Suely Resende, diretora do Fertility Medical Group – Unidade Campo Grande, cada vez mais casais manifestam o desejo de ter gêmeos. “Alguns alegam que foram tantos anos de tentativas sem sucesso, que agora querem ter logo dois ou três de uma vez. Já outros dizem claramente que querem economizar barriga e tempo. Desconhecem o risco de terem gêmeos”.

A especialista explica que, naturalmente, ocorre uma gestação gemelar a cada 80 gestações. No caso da trigemelar, a proporção é de uma para cada 7.000. Já nos tratamentos de fertilização assistida, a chance de nascerem gêmeos é de uma em cada três e de trigêmeos, uma em cada 30. “Para nós, especialistas em Medicina Reprodutiva, a gemelaridade é encarada como uma falha do processo, já que o ideal é que mãe e bebê tenham nove meses de gestação tranquila, controlada e com saúde. Uma gestação múltipla é considerada de alto risco. Além de exigir consultas e exames frequentes, 60% das gestações não chegam até o final, o que implica em todas as consequências de prematuridade – como baixo peso dos recém-nascidos, maior chance de infecção, sequelas neurológicas, paralisia cerebral ou déficit mental, auditiva ou visual. Há risco, inclusive, de o gêmeo mais frágil não sobreviver”.

A médica também chama atenção para os riscos relacionados à gestante. “Para a mãe, aumenta o risco de anemia, podem ocorrer vômitos exacerbados no período da gestação – impossibilitando a gestante de levar uma vida normal –, diabetes gestacional e pré-eclâmpsia. Cientes disso, também acontece de algumas pacientes bem-informadas solicitarem a transferência de apenas um embrião para não correr risco de ter gêmeos. Mas ainda são muito poucas. A maioria já chega dizendo que acha lindo o carinho duplo de bebês”.

Estudo publicado no começo deste ano no Annals of Medical & Health Sciences Research faz uma extensa análise sobre o eSET (elective single embryo transfer, ou transferência de um único embrião selecionado) – que já é obrigatório em alguns países da Europa para o tratamento de fertilização in vitro de casais com bom prognóstico. Também nesses países, a gestação gemelar é considerada uma complicação da fertilização assistida e há quase dez anos vêm sendo desenvolvidas técnicas que reduzam drasticamente esse tipo de ocorrência. Ainda assim, muitos casais são submetidos ao DET (double embryo transfer, ou transferência de dois embriões) como forma de aumentar as chances de sucesso do tratamento. O estudo demonstra a importância do consenso entre o especialista em Fertilização Assistida e o casal infértil na decisão de quantos embriões serão transferidos.

De acordo com a Dra. Suely Resende, o Fertility Medical Group está desenvolvendo em seus laboratórios uma técnica que busca reunir quantidade suficiente de embriões para eleger aqueles no mais perfeito estado. Apesar de ainda estar em fase de testes, a utilização na rotina laboratorial deve ocorrer muito em breve. “Cada embrião costuma ser mantido numa gota de cultivo por alguns dias a fim de crescer e fazer trocas metabólicas. Nosso método consiste em coletar uma mínima quantidade desse líquido para analisar sua viabilidade e, consequentemente, suas chances de se fixar na parede do útero e dar início à gestação. Nos testes, temos conseguido aumentar de 20% para até 80% as chances de sucesso do tratamento – o que é muito gratificante para todas as partes envolvidas”.

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