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Carta demora 2 anos e 8 meses para chegar ao destino, mas ainda emociona

Campo Grande News/ Ângela Kempfer - 05 de novembro de 2013 - 13:15

Dona Elizabeth e Rafael, os personagens dessa história.
Dona Elizabeth e Rafael, os personagens dessa história.

Quando menos esperava, a memória funcionou e dona Elizabeth tirou de dentro da Bíblia uma carta escrita em 2011. O neto, pronto para sair com os amigos, interrompeu os planos para finalmente receber o que já era dele há 2 anos e 8 meses.

Na casa onde vivem, na Vila Planalto, uma folha de caderno, completamente preenchida, acabou como uma lição sobre humanidade.

Depois de sofrer alguns derrames, quando era mais jovem, a “vó Beth” passou a depender dos filhos. Viveu um pouco em Campo Grande, voltou para São José do Rio Preto (SP) e lá resolveu escrever ao neto Rafael, hoje com 23 anos.

O motivo é tão simples que ganha dimensão maior pela vontade do agradecimento. Orgulhosa pela formatura do neto, em Comunicação Social, além de mostrar a felicidade, a senhora de 77 anos escreveu para revelar algo de importância jamais imaginada pelo neto.

Fã de novela e da atriz Fernanda Montenegro, dona Beth não poderia ver os capítulos de "Passione" (maio de 2010), porque não conseguiria ir para a cama sozinha. Graças a boa vontade de Rafael, passou a acompanhar os capítulos e ia dormir quando o rapaz chegava da faculdade.

“Eu corria o risco de não vê-la, pelo fato de todos terem que dormir cedo, inclusive a empregada. Afinal, eu não consigo ir sozinha para a cama. E você, meu neto querido, se prontificou cheio de boa vontade...Amor ao próximo é algo que não se vende, nem se compra, por mais dinheiro que se tenha”, comenta.”, lembra na carta.

Sem saber, com o mínimo de esforço, Rafael conseguiu garantir à avó uma das pequenas alegrias do dia. Na volta da faculdade, era ele quem colocava dona Beth na cama.

“E realmente eu pude colocar um pouco de entretenimento nas minhas noites tão vazias na solidão daquele quartinho. Justo você que vinha para casa já cansado e tarde da noite. Ia até meu quarto, e com carinho de neto bom, me colocava na cama para dormir. E ainda me cobria bem”, detalha na carta.

A carta ficou tanto tempo dentro da Bíblia, justamente, por falta de um Rafael na casa onde ela passou a viver em 2011, no interior de São Paulo. “Pedi várias vezes para a empregada colocar no Correio, mas ela sempre dizia que não dava”.

Dona Beth diz que adora escrever e ler. “Ainda mais agora, que eu estou velha e não tenho o que fazer”. Como não domina as novas tecnologias, apela para o clássico. “É um meio de comunicação antigo, mas ainda funciona”.

O neto, emocionado em contar a história, diz que só recebeu 2 cartas na vida. A primeira de uma namorada e na semana que passou a da vó Beth. “Essa foi, com certeza, a mais bonita que eu já recebi”, agradece.

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