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Cândido Rodrigues Dias comemora hoje 100 anos

09 de abril de 2005 - 07:35

Filho de José Rodrigues de Souza e de Dona Maria Cândida Dias, Cândido Rodrigues Dias, nasceu no dia 08 de abril de 1905. Época que o Brasil vivia o segundo ano de República e tinha como presidente Afonso Pena, que governou até 1909. Seu pai era de Serra das Sete Voltas, estado de Minas Gerais e sua mãe morava na Fazenda Moranga, município de Paranaíba, então, Mato Grosso, onde continuou morando após o casamento, e foi lá que nasceu Cândido Rodrigues Dias, o quinto, dos sete irmãos; Manoel, Miguel, Sebastião, Coleta, Patrocínia, Antônio e João.

Ainda rapaz, já trabalhava no ramo da pecuária e se destacava como líder em sua região.

Por volta de 1925 se enamorou da jovem Ernestina Narciza de Camargo, com quem veio se casar no dia 11 de julho de 1930, ela era filha de José Batista Camargo e Maria Narciza Nepomuceno, fazendeiros no município de Paranaíba. Desse casamento nasceram: Nicolina, João e Maria.

Depois de casado, Cândido fixou residência na Fazenda Água Limpa, onde criou sua família e teve grande importância política. Nesta época foi designado para exercer o cargo de “Inspetor de Quarteirão”, o que se pode comparar hoje, como cargo de sub-delegado, que tinha a função de fazer valer a lei, realizando diligências pela região de Paraíso à Paranaíba.

A região era um grande sertão, com pequenos vilarejos e poucos recursos, e, vendo a necessidade de estudar os filhos, Cândido, mudou-se em 1945 para Três Lagoas, uma das poucas cidades que podia contar com um bom colégio, ali existia já o renomado “Colégio 2 de Julho”, conhecido pela sua disciplina, qualidade educacional e a austeridade do Diretor Magiano, que conduzia o referido colégio cumprindo severamente as leis da moral e dos bons costumes.

Em Três Lagoas, Cândido foi proprietário da tradicional Pensão Santa Helena por vários anos. Em 1954 por razões pessoais, separou-se de sua família que retorna para a região de Cassilândia e ele permanece em Três Lagoas.

Conversando com o aniversariante, podemos perceber que ao completar cem anos de vida, continua tendo a lucidez de jovem, e retomando tempos passados na sua lembrança nos põe a par de fatos interessantes que vivenciou ao longo de sua existência, fatos como o de suas viagens de carro de boi e a cavalo a São José do Rio Preto e a Coxim, onde ia buscar mantimentos e sal para o gado; a viagem podia durar até 20 dias para Coxim e muito mais para São José do Rio Preto.

Quando vendia sua boiada a conduzia pelas estradas, atravessava o Porto do Tabuado na Barca, e, continuava em marcha por vários dias até São José do Rio Preto, onde era efetuada a venda do gado. No retorno para casa trazia tecidos, calçados, perfumes, enfim, tudo que era novidade da época.


Cândido fala da chegada da ferrovia Noroeste do Brasil na cidade de Três Lagoas e do progresso que ela trouxe para a região, de como era feito o transporte em uma região tão sem recursos. O rio Paraná não tinha pontes e a carga era descarregada de um lado do rio, transportada de bote até a outra margem e novamente recarregadas no trem de ferro, conhecido como Maria Fumaça ou Cabeça de Fogo e seguia rumo ao seu destino pela Noroeste do Brasil.

Numa retomada à sua adolescência, Cândido conta que antes da construção da estrada de ferro, os poucos recursos vinham pelas mãos dos “homens” de D. PedroII, que navegavam pelo rio Tietê até alcançar o rio Paraná e daí até a região de Itapura – SP, ali D. PedroII construiu um palacete de madeira onde o imperador descansava enquanto sua equipe pescava na região de grandes lagos. D. PedroII chegou a morar no seu palacete em Itapura, como era perseguido constantemente, mandou construir uma saída subterrânea que alcançava o rio Paraná por onde fugia quando era ameaçado por seus inimigos. Cândido soube dos fatos narrados por meio de seu avô, Faustino Alves Dias, que foi Capitão de Marinha da esquadra de D. PedroII e viajou pelos rios brasileiros enfrentando batalhas como a de 1.932 no Porto Independência em Três Lagoas.

Cândido relembra do correio que era feito em lombo de boi, de São Paulo a Cuiabá, em viagens que demoravam 1 ano. De nossa região à Cuiabá era seis meses.

Nos cem anos pôde cultivar amizades inesquecíveis, que mesmo depois de ausentes lhe deixaram saudades; como Jadenor dos Santos, o amigo de papo; a saudosa Carmosina que lhe trazia doces quitandas e quibes nas tardes que o visitava; relembra os passeios na fazenda com Jazão dos Santos, o contato com a natureza lhe dava novas energias para a caipirinha ao entardecer com o velho amigo, pai de Orlandina.

Celebra seus cem anos junto aos amigos; Raul, seu barbeiro e Moisés, companheiros do cafezinho da esquina; a amiga Rosindete, companheira de todos os momentos; Ana Maria sempre solidária nos momentos mais difíceis, como na doença, ela estava sempre presente. O amigo Roni sempre foi o vizinho bom e atencioso, seus filhos são sua alegria, nunca o esquece, pois quando vem à Cassilândia, não deixa de visitá-lo. Suas festas de aniversário quase sempre eram festejadas na casa do saudoso amigo Tuffi Tebet, a amizade que nunca será esquecida, pois se faz presente nas pessoas do filho Ramez e neta Simone Tebet.


Hoje ao completar cem anos, se entristece e lamenta a ausência da esposa Ernestina e de seu filho João, que fizeram parte de sua história e tendo a alegria de conviver harmoniosamente com suas duas filhas, seus treze netos, vinte e oito bisnetos e oito tataranetos, que são a sua alegria e a sua continuidade, aqui onde trabalhou e construiu uma família que sob sua orientação se fizeram mulheres e homens honrados.


Colaborou Vânia Camargo

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