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Câncer: Vulnerabilidade social deve ser levada em conta

Agência Notisa - 16 de setembro de 2005 - 08:41

Além dos danos físicos e psicológicos, câncer agrava situação econômica de pacientes, que não possuem qualquer proteção social e são, em muitos casos, chefes de família.



Estimativas apontam o câncer de colo de útero como o terceiro mais comum entre as mulheres e como a quarta causa de óbitos por câncer nesse grupo. Segundo Célia Ulysses, assistente social do INCA-RJ, em geral, a mulher acometida por esse tipo de câncer tem um nível de escolaridade elementar, qualificação e rendimento baixos, vínculo empregatício precário sem qualquer proteção social, além de habitação e alimentação precárias. “Ao se falar de câncer de colo de útero, não se pode deixar de falar do processo de adoecimento e da situação de extrema vulnerabilidade social que se encontra este paciente”, defendeu ela durante a 3ª Jornada de Ginecologia Oncológica, realizada no Rio de Janeiro e que se encerra nesta sexta-feira.



Em sua palestra “Repercussões sociais do câncer de colo de útero”, Célia enfatizou o impacto da doença na vida dessa mulher que, em geral, tardiamente, descobre que possui um tumor. Segundo ela, a doença e o tratamento podem comprometer a vida sexual da paciente — por motivos objetivos ou subjetivos —, sua saúde reprodutiva, as relações familiares e, principalmente, as condições materiais: na maioria dos casos ela contribui de maneira importante para a renda da casa, sendo muitas vezes a chefe de família.



Célia explicou que além da paciente perder o seu papel de cuidadora da família, culturalmente atribuído à mulher, ela como indivíduo encontra dificuldades em retomar seu trabalho, conseguir novo emprego, e muitas vezes dificulta as atividades desenvolvidas por outros parentes, na medida em que passa a necessitar de cuidados. “A vulnerabilidade social dessas mulheres se agrava com a doença”, alertou.



Na opinião de Célia, informações limitadas sobre saúde nesse grupo é um dos principais problemas enfrentados. “Esse fator faz com que essa mulher só busque assistência quando o câncer já está em fase avançado”, lamentou. Ela ainda chamou a atenção para a baixa capacidade de assimilar informações sobre cuidados em geral e a grande dificuldade em acessar os serviços públicos destas pacientes. Para ela, é fundamental que o tratamento envolva uma equipe multidisciplinar que busque compreender os aspectos que envolvem o processo de adoecimento do paciente. “Devemos buscar desenvolver ações que dêem conta de identificar as mudanças mais significativas no cotidiano de vida das mulheres. Só assim poderemos prestar uma assistência de qualidade”, ressaltou.



Agência Notisa (jornalismo científico – science journalism)

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