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Câncer pode ser diagnosticado pelo fio de cabelo

Agência Brasil - 23 de agosto de 2003 - 05:13

Um novo método de diagnóstico de câncer, precoce e não invasivo, pela análise de elementos-traço (metais em baixa concentração) presentes nos fios de cabelo. Essa será a principal contribuição de uma pesquisa desenvolvida por um grupo de cientistas e alunos da Universidade Católica de Brasília (UCB), cujos primeiros resultados conclusivos saem no final deste ano.

A pesquisa teve início quando um estudo da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern) confirmou as informações de que as cidades de Lucrécia, Frutuoso Gomes e Martins, localizadas a cerca de 300 km da capital, apresentavam altos índices de casos de câncer, cerca de 500% a mais se comparados à média do estado.

O problema, cujos primeiros relatos datam da década de 70, chamou a atenção dos pesquisadores de Brasília, que decidiram iniciar um estudo para descobrir se fatores ambientais estariam associados à alta incidência de câncer na região. A principal fonte de estudo foi a água do açude que abaste as três cidades. Isso porque, no município de Almino Afonso, distante apenas 30 km de Lucrécia, a população não é abastecida pelo mesmo açude e, coincidentemente, não apresenta incidência anormal de casos de câncer.

Com base nessa hipótese, os pesquisadores iniciaram a coleta de 1.300 amostras de fios de cabelo, de solo, água, sedimentos do açude e peixes. O cabelo é analisado em três etapas: primeiro o material é colhido e decomposto até se transformar em uma solução. O líquido é então colocado no espectrômetro, aparelho que mede a quantidade de metais presentes e, finalmente, é detectado o nível de elementos-traço encontrados na amostra. Segundo Luiz Fabrício Zara, coordenador do estudo, o cádmio, o níquel e o cromo são alguns dos principais metais que, em grande quantidade no organismo, estariam associados ao aparecimento de tumores.

As comparações das amostras de cabelo das cidades com alta incidência da doença e do município com índices normais possibilitará relacionar que elementos químicos estão associados à doença. “A grande contribuição do nosso projeto não é a metodologia aplicada, mas o fato de sermos um grupo pioneiro no país que trabalha a relação entre elementos-traço e o câncer, visando um método diagnóstico precoce, não invasivo e de baixo custo”, destaca Zara. De acordo com ele, o novo método de diagnóstico, utilizado em larga escala, custaria entre R$ 20 e R$ 30. O estudo também permitirá afirmar com segurança se o problema da alta incidência de câncer na região é causado pela concentração de metais na água que abastece as cidades.

A equipe de pesquisa é formada por 20 professores e quase 100 alunos de diversas áreas, como química, geologia, engenharia ambiental, física, matemática e psicologia. A UCB já investiu desde 2001, ano em que o projeto foi iniciado, um total de R$ 850 mil.

As estimativas da incidência e mortalidade por câncer no Brasil este ano, elaboradas pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, indicam que devem ser registrados no país até o final do ano 402.190 casos e 126.960 mortes. A doença aparece como a segunda causa de óbito no país, atrás só dos distúrbios cardiovasculares.

O câncer também é uma doença que se apresenta diferentemente nas regiões do país. Na região Nordeste, o câncer de próstata terá o que maior número de registros entre os homens, predominante entre as mulheres o câncer de mama. No país como um todo, o câncer de pele não-melanoma será o principal a acometer homens e mulheres. A causa das variações observadas se relacionam com a expectativa de vida, a industrialização, a exposição a fatores de risco e ao acesso aos serviços de saúde, entre outros. (Irene Lôbo)

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