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Caarapó: Índios guarani querem fortalecer a união

Sabrina Craide /ABr - 23 de setembro de 2007 - 20:40

Caarapó (MS) - Um documento com as principais preocupações e reivindicações dos Guarani foi o principal resultado do lançamento da campanha "Povo Guarani, Grande Povo", que aconteceu de sexta-feira até hoje (23) na aldeia Tey Kue, em Caarapó (MS). Os índios também assinaram um termo de compromisso em defesa da vida, da terra e do futuro da etnia. Cerca de 400 pessoas estiveram presentes nos três dias do encontro.

No documento resultante do encontro, que será entregue ao governo federal, os Guarani de diversas partes do Brasil e da América do Sul pedem respeito e valorização de seu povo, a criação de mecanismos para garantir a participação da comunidade em projetos e decisões do Estado, a fiscalização de irregularidades do trabalho indígena em usinas de álcool e açúcar e a garantia do direito à educação. Os índios também exigem que se faça justiça nos casos de assassinato de lideranças indígenas.

Durante três dias, os Guarani debateram formas de fortalecer a sua união e, assim, ter mais autonomia para debater os seus problemas, como a falta de terra. Para mostrar a importância de trabalhar em conjunto, eles usaram o exemplo de uma bicicleta, que foi desmontada e montada novamente.

Segundo Otoniel Ricardo, um dos líderes guarani de Tey Kue, o objetivo foi sensibilizar as lideranças para a importância do trabalho em conjunto. "Se não juntarmos todas as peças, não conseguimos andar, a bicicleta não tem utilização. Mas, se está completa, todos andam em cima. É a mesma coisa com o nosso povo indígena", explica. Segundo ele, encontros como o deste fim de semana devem ser realizados em outros países.

A coordenadora pedagógica de Caarapó Renata Castelão lembra que, mesmo que cada povo tenha costumes diferentes, o objetivo é sempre o mesmo: "Por isso, devemos unir esforços para lutar. Cada um é uma peça principal para essa luta".

Para Leonardo Werá Tupã, guarani de Santa Catarina, o encontro foi produtivo porque ajudou a fortalecer o movimento da luta pelo direito às terras tradicionalmente indígenas. Segundo ele, a luta pela terra ocorre em todo o país. "A gente procura cada vez mais aprimorar as nossas organizações. Na verdade, sempre tivemos união, por isso sobrevivemos todo esse tempo. Agora, o que estamos fazendo é aprimorar as nossas estratégias", explica.
Outras etnias também participaram do encontro. O cacique da aldeia Cravari, de Mato Grosso, Manoel Kanunxi, da etnia Irantxe, disse que o problema da terra também ocorre com seu povo. "Também estamos querendo retomar as nossas terras tradicionais, de onde fomos expulsos pelos madeireiros, seringueiros, pelos posseiros. Estamos lutando pela mesma coisa que os Guarani", explica. Segundo o cacique, ele chegou a ser ameaçado de morte por reivindicar por seus direitos.


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