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Bulimia e anorexia nervosa: a cada 2 dias há um caso de internação em SP

MSN Estilo - 03 de novembro de 2013 - 08:35

O dado é preocupante: casos de bulimia e anorexia nervosa são responsáveis por uma internação a cada dois dias nos hospitais que atendem pelo SUS no Estado de São Paulo. O balanço foi divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde em outubro de 2013. Apenas nos primeiros sete meses do ano foram 97 internações por causa dos transtornos alimentares. Em 2012, foram 165 pacientes internados e 1.220 que fizeram tratamento ambulatorial no Estado. As internações computadas nos 7 primeiros meses de 2013 correspondem a 58% do total de internações do ano passado.

A rapidez no diagnóstico é um fator determinante para os tratamentos da bulimia e da anorexia, mas o problema é identificar os sinais, pois os transtornos são complexos e multifatoriais. O nutricionista especialista em transtornos alimentares Cezar Vicente Jr, que trabalha no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Vila Caiúba, em São Paulo, explica que tanto anorexia nervosa quanto a bulimia são duas doenças psiquiátricas graves com alto índice de mortalidade.

"Ambas não são frescuras, nem o jeito da pessoa, nem algo que passa. São doenças sérias e graves que afetam homens e mulheres", explica Cezar, que é membro do Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares (Genta).

São "doenças de mulheres"?

Por serem transtornos alimentares que acometem mais mulheres, podemos dizer que tanto a bulimia como a anorexia nervosa são "doenças de mulheres"? Cezar explica que esse tipo de afirmação não é um consenso médico.

"Em muitas matérias vejo isso escrito que bulimia e anorexia são apenas doenças de mulheres. Mas não é um consenso médico. Eu, enquanto profissional que trabalhei atendendo por um bom tempo homens com anorexia/bulimia nervosa, acho que essa colocação é muito prejudicial para eles. Muitos não procuram ajuda porque sentem vergonha de ter 'uma doença de mulher'. Sempre esses assuntos são apenas associados às mulheres, mas na realidade não é", pontua o especialista.

E o nutricionista complementa o raciocínio: "Só para você ter uma ideia prática do impacto disso, enquanto os atendimentos de mulheres com essas doenças são majoritariamente adolescentes e mulheres adultas jovens, a maioria dos homens que eu já tive contato com transtornos alimentares estava iniciando o tratamento na média de 40 anos, a maioria desenvolveu na adolescência", explica o membro do Genta.

"Distorção da imagem corporal"

Muitas mulheres se olham no espelho e, mesmo magérrimas, se acham gordas. Essa distorção da imagem corporal, explica Cesar, é uma das principais características dos transtornos alimentares, implica em muito mais do que apenas "se ver" gorda, mas envolve pensamentos e sentimentos com relação ao corpo. "A pessoa realmente se acha gorda mesmo que esteja com um peso muito baixo. É importante lembrar que pessoas com bulimia nervosa possuem um peso normal ou até sobrepeso, mas também têm distorção da imagem corporal, ou seja, se percebem muito maiores do que realmente são", explica o nutricionista.

Ele ressalta que há fatores sociais importantes quando falamos sobre transtornos alimentares. "Um deles é definição de padrões de beleza mais rígidos para mulheres do que para homens. Embora as exigências de padrões masculinos estejam mais próximos dos femininos atualmente, a cobrança por um corpo perfeito ainda é muito maior para as mulheres", pontua Cesar Vicente Jr, que respondeu a seguir 10 questões sobre ambos os transtornos.

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