Quando resolvi fotografar Cassilândia, e participar desta inovadora série, "Redescobrindo Cassilândia", tinha em mente apenas uma coisa: mostrar tudo que iria querer ver, se estivesse longe. Pode parecer demagogia, mas não é. Há 6 anos, moro fora. Estou fazendo faculdade, em Campo Grande/MS. Quando estou lá, e acesso o site Cassilândia News, para ver o que está acontecendo aqui, sempre torço para que haja alguma foto da cidade, para que eu possa ver como ela está, o que mudou, o que não mudou. Mesmo vindo aqui pelo menos umas cinco vezes ao ano.

Nestas férias, conversei com meu pai (João Girotto), e disse que iria fotografar pontos da cidade. Fiz isso, a priori, pensando em todos os cassilandenses que moram longe, e não têm possibilidade de ver como está tudo por aqui. No decorrer das "sessões fotográficas", acabei me surpreendendo. Lugares que sempre fizeram parte da minha vida, tinham sido esquecidos por mim mesma. Então, pensei: "Muitos que moram em Cassilândia, também esqueceram destes lugares!"

Quantas vezes passei pela ponte de Goiás, mas nunca tinha ido vê-la, depois de sua restauração. Quando pequena, estudei no CIEC, onde hoje é a Faculdade Integrada de Cassilândia, e a tia Deide, minha professora do Jardim I e II, levava a turma para a Praça da Vila Pernambuco. Sentávamos todos na frente da Igreja, e brincávamos de roda, cantávamos a música da "borboletinha", ríamos, enfim, éramos crianças. E, voltar naquele local, após 15 anos, foi muito emocionante para mim. Fiz reviver emoções que nem lembrava, e estavam guardadas no meu inconsciente.

A praça São José, que a princípio é um dos locais mais visitados por mim, também me surpreendeu. Mudanças, reformas, objetos diferentes nela. Quando tinha 2 ou 3 anos, tirei muitas fotos naquela fonte antiga. E olhá-la, agora sendo reformada, foi tão emocionante, quanto lembrar das brincadeiras dentro da concha acústica, que também está sendo modificada. Caminhei tantas vezes pela Praça Elza Vendrame, e nunca tinha "parado" nela. Às vezes, passamos todos os dias pelo mesmo lugar, mas nunca observamos por onde passamos. Lá está tão bonito, que mais parece um cartão postal.

A rotatória onde está a escultura de Cássius Clay tem cheiro de Festa do Peão. Dela, enxergo a barraquinha da maçã do amor, e escuto o locutor narrar a montaria. Aquele local escolhido para a escultura é abençoado. Quem cresceu aqui, e sempre participou desta festa, sabe o que estou falando. O artista plástico Paulinho acertou em cheio ao construí-la, e soube demonstrar um pouco da nossa cultura, a todas as pessoas que, diariamente, passam por ali. A avenida da Saudade me fez conhecer um outro lado da cidade. Calmaria, mansidão, natureza.. um belo local para caminhar e correr.

Enfim, todos os lugares que estou fotografando, tento passar o que eu gostaria de ver, quando estou com saudade e longe daqui. Talvez por isso meu pai fala que estou mostrando uma "visão diferenciada". Agradeço pelos e-mails recebidos, e digo a todos que não sou fotógrafa, mas apenas uma pessoa que está matando saudades dos locais da terra querida.