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Briga sobre roupa certa em escola vira caso de Polícia
Qual a roupa adequada para o ambiente escolar? A pergunta parece simples, mas como o critério para escolha é subjetivo, gera polêmica e na Escola Estadual Flavina Maria da Silva, no Jardim Botafogo, em Campo Grande, virou caso de Polícia.
Diante de uma sala com aproximadamente 30 alunos, um estudante condenou a auxiliar de coordenação pelo que considerou postura inadequada, por considerava vulgar a blusa da servidora. Ela se sentiu ofendida e registrou boletim de ocorrência por injúria. A polêmica ganhou força maior depois de advertência a uma aluna por conta de roupa curta.
Usando calça justa, casaco e sapato "fashion", o acusado de injúria concedeu entrevista ao Campo Grande News . O estudante Daniel Júnior Correia Marques, 20 anos, afirma que a coordenadora, que terá o nome preservado, foi à sala em fevereiro deste ano para dar um recado com uma roupa imprópria. Dava para ver tudo, ressalta.
Ele garante que a blusa era muito decotada e deixava à mostra a barriga e as costas da funcionária da escola. Segundo o estudante, em outra ocasião, a auxiliar foi à escola com uma saia muito curta.
Daniel questiona a postura da funcionária. Se ela cobra dos alunos, por que não posso cobrar dela, diz. O jovem já prestou depoimento acerca do caso, que foi registrado na Deam (Delegacia Especilizada de Atendimento à Mulher) dia 26 de fevereiro.
À Polícia Civil, ele disse que não teve intenção de denegrir a imagem da auxiliar de coordenação. Daniel assinou TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) e o caso foi encaminhado ao JEC (Juizado Especial Criminal) porque é crime de menor potencial ofensivo.
A delegada titular da Deam, Lúcia Falcão, explica que injúria é quando o autor atribui a alguém palavra que ofenda sua honra, dignidade ou decoro. É o sentimento que a pessoa tem da dignidade dela, ressalta Lúcia em relação à vítima.
No boletim de ocorrência, a auxiliar de coordenação afirma que Daniel chegou a dizer que: pessoa que usa roupa vulgar é vulgar também. Ele rebate a acusação e destaca que um amigo fez o comentário.
Desentendimento - Diretor da escola há cinco anos, Everaldo Moteiro Silva, afirma que o desentendimento entre o estudante e a servidora vem do ano passado. O aluno diz que tambémse sente prejudicado por uma professora e que é perseguido pelo estilo de roupas e de vida que leva.
Para evitar brigas, o diretor determinou que a professora não daria aula para a turma de Daniel. A auxiliar de coordenação também teve de ser remanejada e, desde então, não entra em contato com a sala de Daniel.
Segundo o diretor, no dia em que a servidora entrou na sala para dar o recado, Daniel aproveitou para cutucá-la.
Sobre a blusa - Sobre a blusa polêmica, o diretor não entra em detalhes. Questionado se a roupa era ou não inadequada, Everaldo garante que orienta os professores a dar exemplo.
O shortinho - Uma aluna de 16 anos, que é amiga de Daniel, conta que dias depois da discussão entre o estudante e a auxiliar de coordenação, teve de voltar para casa e trocar o short que usava.
Ela admite que a roupa era curta, no entanto, alega que só foi repreendida porque é amiga de Daniel. Eu já vi meninas com shorts menores que os meus, finaliza e aumenta a polêmica.
O nome da coordenadora foi preservado porque ela está de licença médica, afastada da escola, e não teve a chance de contar sua versão sobre a polêmica.