Geral
Brasil tem maior número de mulheres entre os professores
As mulheres brasileiras são maioria à frente das salas-de-aula. O levantamento realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que, de cada 100 professores em atividade, 83 são mulheres. Dentre os 34 países pesquisados, o Brasil é o campeão do ranking com 83,10%. Israel ficou em segundo com 77,20%. O menor índice foi verificado na Índia, com 39,4%. Por muito tempo a profissão de professor era uma profissão atribuída às mulheres, um pouco como extensão de cuidar dos filhos, de cuidar da casa, avalia a Secretária Especial de Políticas Públicas para Mulheres, Nilcéia Freire.
Para Nilcéia, o fato das mulheres dominarem as salas-de-aula não deve ser encarado como um fator positivo. Pelo contrário, demonstra que a diferença entre homens e mulheres persiste. Ela alerta que a profissão de educadora sempre esteve estigmatizada como sendo apenas para mulheres, muito em função do machismo dos homens. A profissão de professora sempre era aquela profissão que, mesmo com as famílias não admitindo que as mulheres trabalhassem, ser professor era permitido, explica a ministra.
Ela acredita que, recentemente, a busca pela profissão tem sido maior por parte das mulheres, porque os homens têm procurado outras formas de emprego, com salários mais atraentes. Segundo a ministra, a desvalorização da carreira de professor, com baixos salários e muita responsabilidade, afasta a competitividade do mercado. Não podemos dizer que é uma má notícia, mas não podemos esquecer os determinantes sociais que levam a isso, destaca.
Nilcéia entende que as professoras deveriam ganhar de acordo com o nível de escolaridade dos alunos para os quais lecionam. Assim, as professoras das séries iniciais, que hoje somam 92,6% nas primeiras séries do ensino fundamental, deveriam ganhar mais. São aquelas professoras da alfabetização da pré-escola, que começam a formar o gosto do aluno pelo estudo e a personalidade dos cidadãos, argumenta ela.
Os dados da pesquisa da OCDE são fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira do Ministério da Educação (Inep/MEC), que pretende levar os indicadores sobre as mulheres e a educação à 1ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres. O encontro começa nesta quinta-feira, dia 15, em Brasília.