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Brasil registra caso inédito de cura de raiva

Agência Saúde - 14 de novembro de 2008 - 08:06

Paciente pernambucano de 15 anos, agredido por morcego, teve a cura da doença. Esse é o primeiro caso brasileiro e terceiro no mundo



Um caso raro de cura de raiva humana foi confirmado hoje (13) pela equipe médica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) da Universidade de Pernambuco, no Recife. O caso é o de um adolescente de 15 anos, mordido por um morcego hematófago na cidade de Floresta, interior do estado, onde reside com a família. Ele ainda está sob cuidados médicos. O caso brasileiro constará na literatura internacional como a terceira cura da raiva no mundo. Esse registro chama a atenção da comunidade médica e científica porque a raiva humana era considerada 100% letal, ou seja, sempre levava ao óbito a pessoa ou animal infectado.

No tratamento, os médicos do HUOC aplicaram o protocolo Milwaukee, formulado e utilizado por médicos norte-americanos na recuperação de uma paciente com a infecção por raiva, em 2004. O protocolo estabeleceu um tratamento feito com base em antivirais, sedativos e anestésicos injetáveis.

Diante desse caso, o Ministério da Saúde vai elaborar um protocolo de tratamento, baseado no de Miwaukee para utilizar em outros casos de suspeita de raiva em humanos no país.


HISTÓRICO – No dia 14 de outubro de 2008, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES) notificou ao Ministério da Saúde um caso suspeito de raiva humana em um adolescente de 15 anos, residente no município de Floresta, interior do estado. De imediato, foi iniciada a investigação epidemiológica do caso pelas secretarias municipal e estadual de saúde, com o acompanhamento da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde.

O paciente apresentou os primeiros sintomas no dia 6 de outubro e foi internado no HUOC dia 10, portanto quatro dias depois. No dia seguinte (11), o paciente foi transferido para Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Dois dias depois, dia 13 de outubro, a equipe médica do hospital iniciou o tratamento do adolescente com o protocolo de Milwaukee. No dia 22, foi finalizada a análise de uma amostra da biópsia de folículo piloso da região da nuca do paciente, com resultado positivo para a raiva humana. Com o tratamento, ao fim do mês, o paciente apresentou melhora do quadro clínico, segundo as análises de laboratório dos últimos exames realizados demonstram ausência de vírus na saliva e folículo piloso.


DOENÇA E AÇÕES - A raiva é uma zoonose, doença transmitida por animais. Atinge os mamíferos inclusive o homem. A transmissão da doença acontece quando o vírus da raiva, presente na saliva do animal infectado, penetra no organismo, através da pele ou mucosas. Isso pode acontecer por meio de mordidas, arranhões, lambidas ou pelo contato com a mucosa dos animais infectados.

A transmissão da raiva ocorre nos meios urbano e rural. Os principais agressores são cães, gatos e morcegos. Em espaços rurais, o morcego é o maior transmissor da doença para bovinos, eqüinos, suínos, e para os próprios homens.

A vacinação de animais domésticos é a única forma de se conseguir a imunidade contra a raiva. O Ministério da Saúde, em parceria com as secretarias municipais e estaduais de saúde, realiza campanhas anuais de imunização de animais (cães e gatos) em todo o país para controle da doença. O ministério tem como meta eliminar a raiva transmitida por animais domésticos até 2010. Deve-se aplicar a vacina anti-rábica em animais sadios a partir do terceiro mês de vida. A dose tem que ser repetida anualmente.

Como o país apresenta diferentes realidades epidemiológicas, o ministério preconiza estratégias para controle da raiva, além da vacinação de animais domésticos. Em caso de animais positivos para raiva, junto às ações de vacinação, as prefeituras devem promover a captura de animais de rua, busca ativa de pessoas expostas a animais suspeitos de raiva, orientação para procura de profissional de saúde e intensificação de envio de amostras de animais para diagnóstico da raiva.

Caso seja detectada a presença de morcegos na região, deve ser realizada a notificação aos órgãos da saúde e agricultura local para adoção de medidas de controle e prevenção, tais como: iluminar áreas externas nas residências, colocar telas nos vãos de dilatação de prédios, janelas e buracos e fechar ou vedar porões, pisos falsos e cômodos pouco utilizados que permitam o alojamento de colônias deste mamífero. Em caso de morcego hematófago, os órgãos competentes realizarão captura e controle. Outros alojamentos freqüentes de morcegos são forros, garagens, casas de máquinas de elevadores, caixas de persianas, edifícios abandonados, estábulos, copas e troncos ocos de árvores e cavernas.



O QUE FAZER? - Ao identificar que cães e gatos estão com suspeita de raiva, os donos devem isolar os animais e chamar ajuda especializada, que pode ser a de técnicos do centro de controle de zoonoses local ou a de um veterinário da secretária municipal de saúde para que as providências adequadas sejam adotadas.

Em caso da pessoa ser agredida por qualquer animal, se deve lavar imediatamente a ferida com água e sabão e procurar o profissional de saúde para orientações sobre indicação de profilaxia anti-rábica (vacina e ou soro). Quando indicada profilaxia é importante que a mesma sejam realizadas todas as doses preconizadas nos dias corretos.

Quando a agressão for por cães ou gatos, os animais deverão ser confinados por dez dias após a agressão, para observação de sintomas da doença e se o animal evoluir para óbito, informar o departamento de zoonose do município imediatamente.

O cão ou gato já vacinado ou não vacinado, se mordido comprovadamente por um animal raivoso ou silvestre, recomenda-se a eutanásia (morte sem sofrimento). Se o dono não permitir, o animal deve ser revacinado e observado por 90 dias. Somente após este período, se estiver sadio, o animal poderá voltar ao convívio do dono.

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