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Brasil: quanto mais necessário, pior é o serviço médico
O oferecimento de serviços de saúde no Brasil apresenta alguns paradoxos, sofridos principalmente por quem depende do serviço. É o que aponta a pesquisa Escassez de médicos, realizada pela Fundação Getúlio Vargas em todo o País.
Uma das constatações do levantamento ganha fundamentação teórica, embora já fosse conhecida pelos pacientes: quanto mais o cidadão estiver exposto a doenças, pior será o atendimento, seja apenas na prevenção ou no atendimento completo (incluindo hospitalização, plano de saúde ou serviços rotineiros do setor).
As constatações aparecem em um tópico específico - Serviços de Saúde vistos pelas pessoas e pelos pacientes. O universo de pesquisados envolve pessoas que precisaram dos serviços médicos nos 15 dias anteriores ao questionamento.
A Fundação ainda apontou que os gastos com saúde são proporcionalmente maiores para quem menos têm condições de arcar com tais despesas. Entre a faixa de analfabetos, de menor poder aquisitivo, 47,96% tiveram despesas privadas com Saúde, que consumiram 20,4% do salário dos doentes pobres em remédios e serviços.
Dentre pessoas com Nível Superior, 34,6% tiveram despesas com Saúde, que equivaleram a 9,4% do seu orçamento.Outras máximas populares recebem o referendo do estudo. Por exemplo, o fato de que o acesso à Saúde é pior para os mais pobres, seja em quantidade como em qualidade. Para esse grupo, os serviços oferecidos são menos preventivos e mais curativos.
Curiosamente, a necessidade por serviços de saúde sejam públicos ou privados são maiores para quem não tem plano médico. Na população universitária entrevistada, 56,03% possuía plano de saúde, número que caía a 11,45% para quem se declarou analfabeto.
Este grupo ainda foi responsável pela maior procura de serviços emergenciais: 7,27% estiveram hospitalizados, contra 6,77% de população com nível universitário. Não prevenir fica mais caro para todos: governo, inclusive, destaca o estudo da FGV.