Depois da troca de acusações, autoridades sanitárias do Brasil e do Paraguai chegaram a um acordo. Este já seria o terceiro desde 2000. A partir de agora os dois países vão desenvolver campanhas de forma simultânea para tentar erradicar de vez a febre aftosa. O acordo foi fechado durante reunião realizada em Assunção, que contou com a participação de representantes de Mato Grosso do Sul, de Brasília e do governo paraguaio.

As acusações entre os dois países tiveram início quando em outubro deste ano surgiram os primeiros focos de febre aftosa no município de Eldorado, região sul de Mato Grosso do Sul, próximo da fronteira com o Paraguai. Os paraguaios disseram que o Brasil estava tentando responsabilizá-los pelo surgimento da doença no Estado e chegaram a denunciar que fiscais sanitários da Agência Estadual de Sanidade Animal e Vegetal (Iagro) teriam desrespeitado a soberania do país ao fazer fiscalização em propriedades fronteiriças.

Para tentar amenizar a situação, autoridades sanitárias dos países da América do Sul passaram a promover reuniões para discutir a situação. Aconteceram encontros em Buenos Aires (Argentina), Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), e para fechar o acordo foi realizada anteontem a última reunião, na sede da Associação Rural do Paraguai, que contou com a presença das seguintes pessoas: secretário de Produção e Turismo de Mato Grosso do Sul, Dagoberto Nogueira Filho; secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Gabriel Alves Maciel; diretor-presidente da Iagro, João Cavallero, e da coordenadora de Acordos Bilaterais do Brasil, Naiana Campos Gil Ferreira.

Como representantes do Paraguai, estiveram presentes o diretor-presidente do Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal (Senacsa), Hugo Corrales; o presidente da Comissão de Carnes do Paraguai, Fernando Serrati; o presidente da Comissão de Saúde Animal da Associação Rural, Horácio Lloret; e o presidente da Comissão de Comercialização Rural, Carlos Trapani.


Acordo

O acordo bilateral assinado pelas autoridades brasileiras e paraguaias contém cinco pontos considerados primordiais, que são os seguintes: a realização de georreferenciamento de propriedades rurais localizadas até 25 quilômetros de ambos os lados da fronteira do Brasil com o Paraguai; cadastramento de propriedades rurais numa faixa de 25 quilômetros de ambos os lados; implementação de um sistema de identificação de animais, utilizando cores para identificar a procedência; estabelecimento de um sistema de vacinação conjunta, cujo início ficou marcado para o mês de fevereiro do ano que vem; e por fim, cursos de capacitação técnica para brasileiros e paraguaios.

Edílson José Alves