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Brasil deve estreitar relações comerciais

Álvaro Bufarah/ABr - 02 de novembro de 2003 - 13:46

Apesar das dificuldades políticas e financeiras dos países africanos, o Brasil não pode ignorar as oportunidades de negócio naquele continente, afirmam especialistas. A Câmara de Comércio Afro-Brasileira observa que a balança comercial registrou um déficit, nos últimos dois anos, de R$ 1,337 bilhão a favor dos africanos, o que demonstra a necessidade de ampliação das exportações para a África. Segundo a Câmara Afro-Brasileira, os principais parceiros comerciais do Brasil no continente africano são África do Sul, Angola, Nigéria, Gabão e Argélia. “O continente africano tem um mercado de 800 milhões de pessoas que comem, bebem e trabalham. É um público considerável de compradores. Se somarmos os 170 milhões de brasileiros, temos uma massa que poderá acionar um mercado muito importante de 970 milhões de pessoas”, salienta o presidente da câmara, Adalberto Camargo. “Se atingirmos um volume (de comércio) considerado equilibrado entre os 53 países, vamos ter, sem dúvida nenhuma, a África como parceiro ideal para o escoamento da nossa produção”, acrescenta. O aumento do intercâmbio do Brasil com os países africanos também é defendido pelo professor do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, Joaquim Ramos Silva, que vê nessa parceria uma forma de integrar a África à economia mundial. O especialista observa que um dos principais problemas no desenvolvimento do comércio com os países africanos foi a difícil relação com os regimes ditatoriais daquele continente. Ele considera fundamental a consolidação da democracia para o aumento das relações comerciais e estabilização econômica da África. "Isso estimulará as parcerias, o desenvolvimento de pequenos negócios, a geração de empregos e o crescimento sustentado", afirma. Na opinião do economista, o Brasil pode contribuir muito para o desenvolvimento da África por meio de parceiras nas áreas de educação, capacitação profissional e de infra-estrutura.“O Brasil tem um papel importante no processo de reestruturação da economia africana até pela proximidade cultural e pelo posicionamento geográfico”, diz Ramos Silva. “O governo brasileiro está em condições de ajudar em vários aspectos os parceiros africanos, como por exemplo, no tratamento da Aids e na produção de genéricos”, afirma Max Altman, analista de política internacional da ONG brasileira Shalon Salan Paz. Na sua opinião, a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a vários países africanos esta semana promove o resgate dos laços históricos do Brasil com os negros que ajudaram a construir o país. Altman destaca que a agenda de negociações deve favorecer os dois lados, particularmente na relação com a África do Sul, que pode se tornar a porta de entrada dos produtos brasileiros naquele continente. “O Brasil pretende estabelecer uma relação especial com o governo de Pretória e expandir para todo o continente africano nossas possibilidades de negócios”, comenta. O analista diz ainda que o Brasil poderá estreitar ainda mais os laços culturais com a África, principalmente com os países de língua portuguesa, reabrindo as linhas aéreas.

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