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Boxe disputa 11 medalhas sem patrocínio

José Carlos Mattedi/ABr - 15 de julho de 2007 - 15:34

Rio de Janeiro - Equipe de boxe do Brasil treina em academia na comunidade do Morro do Vidigalpara o Pan. Modalidade conta com poucos recursos financeiros
Rio de Janeiro - Das 39 modalidades que representam o país nos Jogos Pan-Americanos, poucas têm patrocínios de empresas, estatais ou privadas, como o vôlei, a natação, o basquete, o handebol, o judô e o atletismo. Outras, como o futebol feminino, o levantamento de peso e o caratê lutam para manter a competitividade apesar do orçamento sempre enxuto, vindo do governo federal. É o caso do boxe, que disputa 11 medalhas de ouro.

A modalidade não tem tido de empresários e de executivos do governo um apoio proporcional ao seu potencial de pódios. Em comparação com o vôlei masculino, por exemplo, a diferença é grande. O time do técnico Bernardinho recebe alguns milhões por ano, por meio do patrocínio do Banco do Brasil (BB) e da Lei Agnelo Piva. Parte do dinheiro segue, também, para a formação das categorias de base.

O boxe, por sua vez, não tem patrocínio, nem privado nem de estatal. Para 2007, é de R$ 997 mil o orçamento para a preparação da equipe de 11 atletas, divididos por peso – do mais leve, com 48 quilos, até o pesado, acima dos 91 quilos. A modalidade só conta recursos da Lei Agnelo Piva (sancionada em 2001, destina 2% das loterias federais aos desportos olímpico e paraolímpico).

“O boxe está disputando 11 medalhas de ouro com 11 atletas. O vôlei só disputa um ouro, com o masculino, e contando titulares e reservas, são 12. É uma coisa difícil de entender”, comenta o presidente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), Luiz Cláudio Bozelli, em entrevista à Radiobrás.

Para ele, o que as empresas buscam ao patrocinar um esporte é o grau de exposição na mídia. Ou seja, modalidades que dão mais visibilidade têm a preferência. “Vejo pelos atletas: aqueles que conquistam medalhas acabam conseguindo um patrocínio”, sublinha. Bozelli diz que isso é um contra-senso: “O patrocinador quer investir em quem já ganhou. Mas teriam que investir antes no atleta para ele então ganhar. Depois que já ganhou, fica fácil”. Como exemplo, ele cita o Banco do Brasil: “Se o banco não quiser mais investir no vôlei, tem um monte de empresa querendo, porque já está pronto, é um time vencedor”.

Segundo o presidente da CBBoxe, a verba recebida não é suficiente, só dá para manter a equipe olímpica concentrada e a comissão técnica. “Faltam recursos para intercâmbios internacionais, para viagens. Em outubro, por exemplo, temos um campeonato mundial. Seria importante termos uma etapa de preparação na Europa. Mas ficou como um lençol curto, se usarmos a verba da Lei Piva, vai faltar depois.” Para Luiz Cláudio Bozelli, o ideal para suprir as carências do boxe nacional, como a preparação das categorias de base, seriam recursos na ordem de R$ 2 milhões.

Ele diz não acreditar que haja preconceito em relação ao boxe: “Se for para servir de consolo para nós, são muito poucas as confederações olímpicas que têm patrocínio. Quem tem são os esportes de maior visibilidade”. De acordo com Bozelli, isso é resultado da política nacional para o desporto, pois a maioria dos patrocínios é do governo, como BB, Petrobrás, Caixa Econômica Federal, Eletrobrás e Infraero. “A iniciativa privada não está investindo ainda. Mas isso vai acontecer a partir da aprovação, no ano passado, da Lei de Incentivo ao Esporte. Falta regulamentar a lei, mas ela vai alavancar todas as modalidades”, prevê.

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