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Bode que produz leite vira atração no RN

21 de agosto de 2005 - 08:44

Quem disse que bode não dá leite? Pelo menos na zona rural do sertão de Apodi, no Rio Grande do Norte, sim, bode dá leite. Há quase três anos o pequeno pecuarista Paulo Luciano Ferreira Gomes, 42 anos, percebeu que o animal de raça parda alpina começou a andar com as pernas abertas além do normal. Ao verificar o problema, percebeu que o bicho estava com duas tetas inchadas, e ao apertá-las, a surpresa: era leite. Desde então o animal vem sendo a sensação da localidade de Melancias II.

Paulo diz que comprou o bode ao preço de R$ 1 mil quando o animal tinha dois anos e meio de idade. "Ele já tinha duas tetas pequenas", comenta o homem, acrescentando que esse detalhe não influenciou na compra, uma vez que seu interesse era apenas na raça.

Hoje, a raça é importante, mas o fato de ser o único bode capaz de produzir leite mudou o conceito de importância. O pecuarista diz que já recebeu várias ofertas, mas nenhuma foi capaz de convencê-lo a vender o animal.

Ele afirma que existem apenas dois bodes no curral voltados à produção, e o que dá leite é um deles. "Esse bode é de raça e já tem até netos", diz, acrescentando que o que é considerado um problema de ordem genética no bode favorece às pequenas cabras.

O bode virou atração e, de tanto se falar do animal, o dono recebeu convite para expor o bicho na Caprifeira do Vale do Apodi, realizada pela Associação de Fomento aos Criadores de Caprinos e Ovinos da Região de Apodi (ASFOCO). "Ele chamou a atenção de todo mundo", diz o homem, sem disfarçar o orgulho.

O pecuarista lembra que quando comprou o animal muitas pessoas se revoltaram pelo fato de o bode apresentar a anomalia. As reclamações pararam quando as tetas do bicho incharam e delas saíram esguichos de leite.

A ordenha do bode só acontece quando as glândulas mamárias estão muito inchadas, o que acontece a cada oito dias. No entanto, técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER/RN), orientaram o pecuarista a não estimular a produção de leite no animal, pois esse fator poderia provocar a perda do interesse pelas cabras.

"Se eu estimular a produção de leite os ubres dele vão crescer mais", diz o proprietário, comentando que muita gente ainda duvida de que exista um bode que tem característica de fêmea.

O rebanho do pequeno pecuarista é formado por 125 cabeças, sendo 40 filhos e netos do velho bode.

Fator genético
O veterinário Faviano Moreira explica que o bode nasceu com alteração ginecomastia - fator genético que aumenta as glândulas mamárias nos machos, provocado por alteração hormonal. Segundo ele, até a puberdade as glândulas mamárias crescem, e depois, na fase adulta, não apresentam aumento. No caso específico do bode, o nível de protactina - um tipo de hormônio - é presente além do normal.

"Bode não pode ter leite. Esse leite não tem característica boa", diz o veterinário. Moreira afirma que o caso do animal pode ser analisado por professores da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). "Se houver interesse e o proprietário permitir, o sangue e o leite do bode podem ser estudados", disse.



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