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Geral

BNDES não descarta estudar novo tipo de indexador

Alana Gandra, Agência Brasil - 18 de junho de 2008 - 07:11

Rio de Janeiro - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, admitiu ontem (17) a possibilidade de ser estudado um outro tipo de indexador para os contratos realizados pela instituição. Esclareceu, contudo, que essa é uma idéia “ainda muito especulativa. Não há nenhum estudo feito sobre isso”. Enfatizou, entretanto, que na vida acadêmica não existe nada que não possa ser estudado de boa vontade e de boa fé.

Ele assegurou, contudo, durante seminário “Financiamento de Longo Prazo e Bancos de Desenvolvimento”, comemorativo aos 56 anos da instituição, que “jamais faremos qualquer mudança que crie insegurança nos contratos já realizados. Se nós mudarmos a regra, faremos isso de uma maneira muito cuidadosa. Apenas para ter um outro tipo de regra melhor do que existe hoje”.

Segundo o presidente do BNDES, não está nos planos aumentar a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), praticada nas operações do banco. “Isso não será feito. A TJLP é uma taxa de longo prazo. Ela vai ficar estável porque corresponde à confiança de que a economia brasileira manterá a estabilidade de preços”.

Coutinho disse que o Brasil atravessa no momento um período de pressões transitórias. E garantiu que a inflação será mantida sob controle. Por isso, afirmou não fazer sentido mexer numa variável de longo prazo. Ele disse, entretanto, não poder avaliar quanto tempo durará esse período de transição. “Eu não sei quanto tempo vai durar a pressão internacional de preços sobre commodities (produtos básicos agrícolas e minerais comercializados no mercado exterior)”, disse o presidente do BNDES, acrescentando que ainda há aceleração dessas pressões.

Ele espera que esse movimento pare em algum momento. Reiterou que o governo está muito preocupado em relação à inflação sobre alimentos e deve em breve anunciar medidas para promoção da oferta desses produtos. O objetivo, frisou, é que o Brasil ajude a mitigar as pressões de preços de produtos agrícolas no mercado doméstico e também no mercado internacional.

Coutinho advertiu também que no esforço de combate à inflação a única coisa que não deve ser freada é o investimento, que considera “positivo e saudável”. Explicou que quando o consumo está crescendo de forma acelerada e cria um descompasso, às vezes é preferível crescer um pouco mais devagar. Ou seja, “calibrar o crescimento para ele ser mais consistente com o crescimento da oferta”.

Apontou que o ciclo de investimento não deve ser interrompido, porque ele funciona como “o portador da oferta futura. Ele é o portador da futura estabilidade de preço, porque cria capacidade nova de produção”.

O presidente do BNDES esclareceu que o banco já utiliza o instrumento do co-financiamento com o setor privado em vários projetos de grande porte. Citou como exemplo a construção das hidrelétricas no Rio Madeira (RO). “Queremos continuar ampliando essa cooperação. O problema é que o setor privado tem alternativas de crédito com taxas mais altas e muito mais rentáveis”. Indicou, nesse sentido, que a questão que precisa ser discutida é como trabalhar para reduzir o custo do crédito bancário. “Passa pela redução dos spreads (taxas de remuneração).”

Ele assegurou que o BNDES está buscando formas para garantir o financiamento do investimento produtivo no país. O mercado de capitais é uma das alternativas. “Nós estamos estudando medidas de securitização. Vamos diversificar muito as fontes de fundin (recursos de captação) do banco. É parte do desafio que a gente tem”. Reiterou que, além do mercado de capitais, o BNDES tem interesse em discutir com o sistema bancário o desenvolvimento de um novo compartilhamento de operações, de modo a aliviar a sobrecarga que a instituição terá de enfrentar no período de transição.

Afirmou que o BNDES está administrando uma eventual escassez de crédito, focando seus objetivos em três áreas prioritárias, que são a formação de uma capacidade industrial nova, formação de infra-estrutura nova de longa maturação e inovação. As áreas restantes poderão ser atendidas por um mix que inclui correção com base em cesta de moedas e no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por exemplo, citou. Coutinho revelou que o banco pretende ainda formar uma carteira mais diversificada “também pelo valor dos ativos”.



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