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Ben-Hur faz mea-culpa e tece críticas ao PT

Fabiana Silvestre/Campo Grande News - 02 de agosto de 2005 - 08:13

Fazendo a mea-culpa, ao dizer que foi incapaz de aglutinar forças ao projeto político de poder para 2006, o ex-deputado federal Ben-Hur Ferreira disse ontem que pessoas-chave dentro do PT “desistiram do sonho de continuar no governo em Mato Grosso do Sul”. Conforme Ferreira, a crise política deflagrada em Brasília – por denúncias de corrupção em estatais e de pagamento de mensalão a parlamentares, que envolvem petistas – é apenas um agravante para a desmotivação do partido no Estado.

“Há uma aura de salve-se quem puder dentro do partido. Talvez considerem que o projeto político já se esgotou, que não vale à pena lutar por ele, e acabam flertando com o projeto favorito, do ex-prefeito Puccinelli [André Puccinelli, do PMDB]. Tudo bem, essa é uma análise, mas não vou me prestar a isso”, afirmou Ferreira, que renunciou à candidatura pelo Campo Majoritário.

Segundo ele, a virtual aliança entre os partidos não seria oficial, obviamente, mas de bastidores, o que culmiraria na desistência do PT de disputar o governo, ou no lançamento de um candidato de fachada, o chamado 'laranja'. Ele apontou ainda, como “gota d´água” para a decisão de deixar a disputa, a orientação do governador Zeca do PT de que os petistas candidatos no PED (Processo de Eleições Diretas] pedissem exoneração de cargos comissionados.

Ferreira qualificou a decisão de Zeca como uma “agressão à Constituição e oportunismo”, já que o Executivo não deveria, na avaliação do ex-candidato, interferir no partido, mesmo que a intenção fosse “boa”. No caso, delimitar o que é governo e o que é partido. “Isso [a decisão de Zeca] poderia até comprometer a legitimidade da minha candidatura”, disse, já que, conforme a determinação de Zeca, nos municípios onde houvesse consenso os servidores não precisariam deixar a administração estadual. Em Campo Grande, o governador vinha defendendo justamente o consenso em torno do nome de Ferreira.

Para ele, se estivesse mesmo disposto a encampar um projeto político competitivo para 2006, o PT daria tranqüilidade ao pré-candidato do partido, senador Delcídio Amaral, que está envolvido com os trabalhos da CPMI dos Correios, e trataria de aproximar o governador Zeca do PT da população, sobretudo em Campo Grande. “Não tenho dúvidas de que o senador Delcídio é a única proposta competitiva no PT hoje. Como ficaria o partido se ele resolvesse, por exemplo, não disputar o governo? O PT não teria candidato competitivo”, analisou.

Agenda positiva - Ferreira lembra que iniciativas “importantes” do Governo do Estado em Campo Grande foram deixadas de lado, como os projetos Ação Popular e Temporadas Populares. “Tudo bem que o governo precisa reduzir custos, mas é preciso retomar uma agenda positiva, aproximando o governador das pessoas, e não uma agenda de recuo”, disse.

Ele destaca que o Governo petista tem projetos importantes a serem divulgados, o que, aliado à uma peregrinação de Zeca, sobretudo na Capital, poderia fortalecer uma proposta do partido. O ex-deputado federal defende ainda um “mutirão” com o 'pires na mão' em Brasília, para reivindicar o ressarcimento dos recursos do Ipemat (Instituto de Previdência do Mato Grosso). O Governo do Estado estima ter direito a R$ 640 milhões da União.

Sem consenso – Ferreira argumenta que, assim como não havia apoio irrestrito ao seu nome na disputa pelo diretório regional petista, o senador Delcídio Amaral também não aglutina as principais forças do partido. “Muitos dos que dizem apoiar o Delcídio, na verdade não o apóiam. É muito fácil em política dizer que se apóia alguém, mas é preciso agir demonstrando isso. Nesse sentido, minha desistência ajuda a clarear as coisas. Pode até criar uma crise, um desconforto, mas vai obrigar as pessoas a se posicionarem”, analisa.

Conforme Ferreira, mesmo se distanciando dos debates sobre o PED, Amaral tem pedido “juízo aos petistas”. “O senador tem dito que não vai fugir da raia, mas que o pessoal daqui [de Mato Grosso do Sul] precisa ter juízo”.

Egon governador – O ex-candidato petista afirma ainda que a ala mais à esquerda do partido quer o vice-governador Egon Krakhecke no Governo do Estado e não estaria disposta a discutir um projeto político. “Não querem analisar quem seria um nome competitivo, querem colocar o Egon no Governo. Ele, o próprio Egon, é um dos responsáveis pela pulverização de candidaturas nas eleições internas. Serão 11 candidatos somente em Campo Grande. Ou seja, nesse momento de crise demonstramos fragmentação, em vez de unidade”, afirmou.

Presidência do PT por quê? – Ferreira disse que não temia a derrota nas urnas, pois, como candidato apoiado pelo governador Zeca do PT e pelo pré-candidato Amaral, “não iria perder”. “O problema não é ganhar ou perder a disputa. Mas uma vez ganhando, seria presidente por quê? Não há projeto político de poder para o PT continuar no Governo. Não poderia ser presidente do diretório regional somente para fazer a transição do PT que é governo para o PT que não é governo”, concluiu.

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