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Geral

BC pede cautela na recomposição de margens de lucros

Stênio Ribeiro/ABr - 30 de setembro de 2004 - 17:35

A recuperação do ritmo de atividade da economia traz consigo uma fonte adicional de risco para a inflação, porque as melhores condições de produção, trabalho e renda “sugerem potencial para repasses de maior intensidade” dos preços, a chamada recomposição de margens de lucros. Isso exige “cautela redobrada” da política monetária para conter a inflação. A observação foi feita pelo diretor de Estudos Especiais e Política Econômica do Banco Central, Ricardo Loyo, ao divulgar o Relatório Trimestral de Inflação.

Ele acredita que a aceleração recente dos preços industriais no atacado terá impacto nos índices de preços no varejo ao longo dos próximos meses, conforme ocorreu no início deste ano, em razão do “afrouxamento” da política monetária.

Em abril último o Comitê de Política Monetária (Copom) interrompeu o processo de flexibilização, iniciado em junho de 2003, e que reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 10 pontos percentuais. Agora, com os sinais de recuperação da economia, pelo terceiro trimestre seguido, os principais indicadores de preços no atacado aumentaram, e apontam para inflação superior a 12% ao ano.

É quase o dobro das estimativas do mercado para a inflação no varejo, que deve fechar o ano em torno de 7,4%. Hipótese muito próxima da previsão do BC, de 7,2%, desde que a Selic seja mantida nos atuais 16,25% ao ano e que a taxa de câmbio não passe do patamar de R$ 2,90 por dólar, conforme ressaltou Ricardo Loyo.

Cenário em que a elevação de preços deste ano contaminará o comércio varejista de 2005 em 0,9 ponto percentual, decorrente da “inércia inflacionária” que afeta os preços futuros pela simples expectativa de manutenção do ritmo anterior de correções de preços. Por isso, o BC reajustou a meta anterior, de 4,5%, para 5,1%, que passa a ser o objetivo perseguido pela autoridade monetária, mas o diretor admitiu a possibilidade de a inflação chegar a até 5,6%.

Além da preocupação quanto à evolução dos preços livres (acima da trajetória de metas de 5,5% para este ano e de 4,5% para 2005), o BC reavaliou sua estimativa para os preços monitorados (combustíveis, energia, telefonia e outros) e elevou a projeção de 7,7%, no relatório de junho, para o cálculo atual de 8,5% no acumulado de 2004. Também aumentou a projeção para o ano que vem de 6% para 6,9%.

Apesar da incerteza sobre os preços internacionais do petróleo, o BC manteve a previsão de aumento anual de 9,5% para a gasolina, e reduziu de 6,9% para 6,2% a projeção de reajuste do gás de cozinha. Elevou, porém, as estimativas dos reajustes de energia elétrica residencial (de 11% para 11,5%) e do telefone fixo (de 6,1% para 13,9%).

Ricardo Loyo revelou, também, que o cenário de referência do BC permite estimar crescimento de 4,4% este ano para o Produto Interno Bruto (PIB), em função da recuperação continuada dos níveis de atividade econômica, com média anualizada de 6% de janeiro a setembro. Mas prevê que o crescimento seja menos acentuado, a partir de agora, o que “é natural e salutar”, segundo ele, para o desenvolvimento sustentado.

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