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Bayer e Monsanto assinam acordo definitivo de fusão

EPharma Notícias - 15 de setembro de 2016 - 18:00

A Bayer, fabricante de produtos químicos, adquiriu a Monsanto, produtora de sementes americana, por US$ 66 bilhões, terminando uma negociação de meses após aumentar sua oferta pela terceira vez. O negócio de US$ 128 por ação, acima da oferta anterior da Bayer, de US$ 127,50 por ação, é a maior aquisição do ano e a maior oferta em dinheiro já registrada.

O acordo criará uma empresa que dominará mais de um quarto do mercado mundial combinado para sementes e pesticidas, reforçando a rápida consolidação da indústria de insumos agrícolas. As vendas combinadas de Bayer e Monsanto para o setor agrícola totalizaram 23 bilhões de euros em 2015. Segundo a Bayer, a sinergia proporcionada pela fusão das duas companhias deve somar aproximadamente US$ 1,5 bilhão a partir do terceiro ano após o acordo.

“A operação representa um grande passo para nossa divisão agrícola e reforça a posição de liderança da Bayer em inovação e em seus principais segmentos”, declarou em comunicado o presidente da Bayer, Werner Baumann.

Para financiar a aquisição da norte-americana, a Bayer pretende utilizar uma combinação de financiamentos e capital próprio. O capital próprio envolvido (equity) será de aproximadamente US$ 19 bilhões, a ser levantado por meio de emissões de títulos conversíveis (mandatory convertible bonds) e papeis com direitos de subscrição. Outros US$ 57 bilhões devem ser fornecidos pelos bancos Bank of America Merril Lynch (BofA), Credit Suisse, Goldman Sachs, HSBC e JP Morgan.

A aquisição está sujeita à aprovação de órgãos reguladores, mas a expectativa é de que a operação seja concluída até o fim de 2017. Pelo acordo anunciado ontem, a Bayer também se comprometeu a pagar US$ 2 bilhões em caso de não aprovação por órgãos antitruste, sinalizando a confiança da companhia de que obterá o aval necessário.

Em teleconferência para investidores, Baumann enfatizou a expectativa de que a operação trará “forte crescimento” e maior rentabilidade às companhias, assim como sinergias no curto prazo. O presidente da Monsanto, Hugh Grant, complementou dizendo que, no curto prazo, a operação deve resultar em maior oferta de soluções para defesa das lavouras contra pragas. Já no longo prazo, as duas empresas planejam lançar mais produtos focados em orientações agronômicas aos produtores e à agricultura digital. “Os benefícios para o portfólio (conjunto) serão amplos”, disse Grant.

Concorrência. Apesar das sinergias apontadas pelos presidentes das duas companhias, os órgãos antitruste de importantes mercados como Estados Unidos, Canadá, Brasil e União Europeia poderão examinar o negócio minuciosamente. E alguns dos próprios acionistas da Bayer têm sido altamente críticos sobre a aquisição, apontando riscos sobre o elevado pagamento de compensações pela concentração de mercado e uma possível negligência sobre o negócio farmacêutico da empresa.

Durante a teleconferência, o presidente da Bayer declarou que as duas companhias têm "poucos negócios que se sobrepõem" e que é "muito cedo para comentar sobre (eventuais) desinvestimentos necessários para o acordo", assim como sobre a divisão de lideranças e executivos após a conclusão da fusão.

A consultoria Bernstein Research afirmou nesta quarta-feira, 14, que vê apenas uma chance de 50% para o negócio conseguir autorizações regulatórias, embora as empresas tenham citado uma pesquisa com investidores que apontou a probabilidade de 70%, em média. “Acreditamos que há políticas contrárias à realização dessa fusão que vão desde a insatisfação de fazendeiros com todos os seus fornecedores consolidando em face de baixos rendimentos líquidos agrícolas à insatisfação com a Monsanto deixando os Estados Unidos, o que poderia fornecer atrasos e complicações significativas”, disseram em nota.

A União Europeia (UE), que em agosto abriu processo de análise da operação de fusão entre a Dow Chemical e a DuPont, já havia sinalizado que faria um escrutínio rigoroso da fusão Bayer-Monsanto, caso ela se confirmasse. A chefe do órgão antitruste da UE, Margrethe Vestager, declarou em junho que levaria em consideração o fato de as diversas fusões no setor estarem ocorrendo quase simultaneamente. A série de negócios anunciados ao longo dos últimos dez meses pode colocar mais de 80% das vendas de sementes de milho dos Estados Unidos e 70% do mercado global de pesticidas sob o controle de apenas três empresas.

Os líderes das duas companhias declararam ver pequena sobreposição de negócios com a fusão e que a distribuição geográfica das operações é complementar. “As sobreposições (de produtos e negócios) são muito poucas. Temos nossas próprias avaliações sobre as questões regulatórias, mas vamos aguardar o que dirão os órgãos antitruste. Se houver sobreposições (de negócios), vamos buscar atender às demandas regulatórias”, afirmou o presidente da Bayer.

Dividendos. Após a fusão de suas operações com a Monsanto, a Bayer pretende elevar o pagamento de dividendos (lucro por ação) de 30% e 40%, disse o CEO da Bayer, Werner Baumann. A empresa também acredita que o acordo deve elevar o lucro por ação em torno de dois dígitos em termos porcentuais a partir do terceiro ano após a conclusão da operação. / CLARICE COUTO, DOW JONES E REUTERS

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