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Astronauta brasileiro fará nove experiências científicas

Irene Lôbo / ABr - 20 de dezembro de 2005 - 13:56

No dia 22 de março de 2006 o Brasil enviará pela primeira vez um astronauta ao espaço. A bordo da espaçonave russa Soyuz, o tenente-coronel aviador Marcos César Pontes será responsável pela realização de nove experiências científicas, de diversos centros de pesquisas brasileiros, na Estação Espacial Internacional (ISS). Elas foram apresentadas hoje (20) pelo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Sérgio Gaudenzi.

As pesquisas selecionadas envolvem principalmente as áreas de engenharia, física, microeletrônica, nanotecnologia e biotecnologia. Uma delas, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do Distrito Federal, pretende analisar como germinam as sementes de um arbusto em condições mínimas de gravidade, a chamada microgravidade. Também serão feitas experiências na área de bioquímica, transferência de calor, cinética de enzimas, cristalização de proteínas e de semicondutores e difusão térmica.

No total, o astronauta brasileiro passará oito dias na estação e poderá levar uma carga de 15 quilos de material para experimentos. Apenas cinco quilos poderão ser trazidos de volta à Terra, já que o restante deverá ser descartado como lixo espacial. A experiência será chamada de Missão Centenário, uma referência ao ano em que se comemora o centenário do primeiro vôo de Santos Dumont com o 14 Bis. Gaudenzi explica que a primeira viagem de um brasileiro ao espaço terá uma dupla importância.

"Primeiro porque poder testar uma série de experimentos científicos. Normalmente fazemos isso com um foguete de sondagem, por um tempo muito curto, sete ou oito minutos, e vamos poder fazer com oito dias, então há uma vantagem enorme no prazo para se observar como é que se comportam esses experimentos. E há também um outro dado importante, que é o Brasil ter um astronauta na estação espacial. Poucos países até agora no mundo tiveram astronautas e conseguiram fazer esse vôo espacial. Então o Brasil está definitivamente ingressando nesse clube, que é muito fechado", afirmou.

Um acordo de cooperação com a Rússia assinado pelo presidente Lula no dia 18 de outubro deste ano permitiu que o preço da viagem do astronauta saísse por menos da metade do que os russos normalmente cobram para esse tipo de vôo, algo em torno de US$ 10 milhões. Estão incluídos neste cálculo custos com o treinamento do astronauta, com o vôo até a estação, o transporte da bagagem do brasileiro e o canal de voz que será usado para manter contato com o Brasil durante a missão.

Gaudenzi explica que o programa espacial brasileiro começou com um orçamento inicial de US$ 100 milhões de dólares, chegou a ter pouco mais de US$ 10 milhões, quase acabou, e agora recuperou os US$ 100 milhões iniciais. Mas o ideal, segundo Gaudenzi, é chegar ao patamar de US$ 200 milhões. "Pode parecer modesto em comparação com o que é gasto nos Estados Unidos, na União Européia, na Rússia e na China, mas para um país como o Brasil é um patamar bastante razoável e permite que se mantenha o avanço do programa", afirma.

O tenente coronel aviador Marcos Pontes foi selecionado em julho de 1998 pela AEB para participar do treinamento para astronautas da Nasa, no Johnson Space Center em Houston (Texas). Desde então, vem sendo treinado para atuar na estação espacial russa e no ônibus espacial. Pontes ficará na Rússia até a volta do vôo espacial, no final do mês de março. Atualmente, o astronauta faz treinamento de adaptação à nave Soyuz na Cidade das Estrelas, perto de Moscou.

As relações entre Brasil e Rússia na área espacial começaram em 1988 e se estreitaram com a contratação da assessoria técnica russa para o lançamento do próximo Veículo Lançador de Satélites (VLS-1). Os dois países também assinaram, em 2004, um memorando de entendimento para a cooperação mútua no desenvolvimento de foguetes lançadores e de satélites.

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