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Artigo: Submisso por condição,independente por opinião!

Prof. Rosildo Barcellos* - 18 de outubro de 2007 - 09:40

O termo tropa de elite em épocas remotas se referia a quem compunha a guarda pessoal de grandes figuras e mandatários do Estado citando por exemplo os mosqueteiros, na França ou a guarda pretoriana em Roma. Hoje está nas pequenas rodas de tereré e nas audiências públicas sobre assuntos diversos.É assunto que estará com certeza presente no vestibular.Aonde vou alguém pergunta: Já assistiu? Tropa de Elite é algo mais do que uma razão de ser...é ter no peito a dignidade e a honra para viver e ser um policial cidadão,apenas com o salário que o Estado lhe propõe.Mas antes de mais nada, quero lembrar que devemos ter em mente que ainda que tenhamos um problema temos de tirar dele uma solução,um aprendizado;ainda que tenhamos algo fétido podemos obter deste elemento um excelente perfume. Pra quem acha que o que digo é apenas teoria vou até citar um exemplo: o âmbar-gris,que é uma substância regurgitada pela baleia cachalote é um dos ingredientes mais valiosos em uma per fumaria atuando como excelente fixador de fragâncias e que a substância original chega a ser cotada a R$ 20 o grama.
Destarte, 2007 também é um ano diferente.Há 40 anos a contracultura viveu seu auge.Em Nova York os hippies tomaram as ruas marchando com flores nas mãos.Em São Francisco o grande encontro da paz,amor,rock e LSD.Só pra lembrar até 1971, Jim Morrison do the doors ;Janis Joplin com sua voz rouca e sensual e Jimi Hendrix já tinham morrido de overdose,os 3 com 27 anos.É uma ano diferente porque estamos comemorando um novo levante do público brasileiro em direção ao cinema nacional. Faz muito tempo que não acompanho tantas pessoas buscando,procurando ou empolgadas em assistir um filme tupiniquim. Trata-se do extremamente comentado “Tropa de Elite”.A trama acompanha a vida do capitão Nascimento e o dilema de escolher um substituto para comandar sua tropa. Ele está cansado da guerra contra o tráfico que envolve bandidos, policias da PM e a comumente chamada burguesia carioca. Ao mesmo tempo, está esperando seu primogênito e quer estreitar os laços de uma família com a esper ança de não ter que conviver diretamente com a violência que é obrigado a participar . Em 118 minutos o ator Wagner Moura, popular pelo seu mais recente trabalho em Paraíso Tropical, faz uma excepcional atuação na pele do Capitão Nascimento, impregnado de meandros psicológicos e análise intrínsecas em função das dúvidas que permeiam sua consciência. Ele concatena os sentimentos de Matias que representa a racionalidade, interpretado por André Ramiro e o policial Neto levado a termo por Caio Junqueira que representa a ação viril. Ambos desenvolvem com muita propriedade essas características protagonizadas.
Assim se desenrola toda a trama mas a discussão maior começa quando o filme termina e descerram as cortinas. Entra em cena discussões e análises sobre, por exemplo: a pirataria; posto que mesmo após superar 700 mil espectadores nos cinemas desde sua estréia no último dia cinco de outubro, um número incalculável de pessoas assistiram vamos dizer..uma versão extra-oficial. Se bem que não há muito o que ser feito para combater a pirataria senão a educação. As pessoas não notaram que implica em sonegação fiscal, em crime trabalhista, em competição desleal e que para a realização do filme também houve muita despesa.Explica-se essa segunda versão pois em novembro de 2006 traficantes do morro Chapéu Mangueira, onde as filmagens eram feitas, seqüestraram parte da equipe que trabalhava no filme e roubaram as armas cenográficas. 59 delas eram réplicas e 31 verdadeiras, adaptadas para tiros de festim. Após ter a equipe seqüestrada e as armas cenográficas roubadas durant e as filmagens apareceu uma cópia pirata do filme circulando antes de sua estréia nos cinemas. A cópia, que não era a edição definitiva do filme, já podia ser encontrada dois meses antes do lançamento.
Outra discussão que pode ser ventilada é que apesar de ter sido escolhido como o filme de abertura do Festival do Rio 2007 alguns alegam que ele não é apropriado pelo simples fato de alguns entenderem que existe um incentivo a violência e que a mesma vai crescer muito entre os jovens. Outros ainda dirão que por trás de um livro e um filme, o que existe é um marketing e que O BOPE entendida como uma tropa de elite, deveria se manter oculta aos olhos da sociedade. Um outro grupo poderá ainda afirmar que de forma alguma o filme parece incitar a violência. Ao contrário, aponta os verdadeiros responsáveis por ela. Seja o policial conivente com a marginalidade seja os usuários das substâncias entorpecentes que pensam apenas no “curtir” e principalmente a forma espúria como alguns políticos se perpetuam no poder em função desses elementos.Haverá ainda um grupo que entende o filme como alerta aos usuários e aos bandidos de que existe policial consciente de seu dever, honesto e bem treinado.
Tropa de Elite é um filme de ação, tensão e drama que emociona e serve,sim, como mais um alerta para que a sociedade acorde e perceba que não basta ser contra a violência ; é necessário que se ofereça oportunidades melhores que a criminalidade; é necessário que se ofereçam outros valores: aqueles que o dinheiro não pode comprar.Claro que temos que olhar para o homem- policial- profissional, mas é certo também que temos que olhar para todos os profissionais deste país. Criou-se no Brasil o argumento de que segurança pública perpassa por uma polícia melhor, mais aparelhada, mais armada, claro que isso é importante, mas o fundamental mesmo,o cerne da questão é que exista melhor distribuição de renda, escolas públicas de qualidade, saúde pública confiável, saneamento básico, lazer;isto é...tudo o que nos traz a dignidade humana e que todos os segmentos da sociedade, especialistas, governantes estão cansados de saber e dizer, em épocas de eleição e que por algum motivo alheio ao meu conhecimento,simplesmente esquecem quando estão no poder..
Por derradeiro, uma informação.O diretor José Padilha confirmou o interesse em adaptar a história para a telinha em entrevista ao programa \"Roda Viva\", da TV Cultura; quem sabe assim essa discussão não fique só após sairmos das salas de cinema e sim começa e pulular em nosso dia a dia e seja o início de uma reviravolta nos valores de nossa sociedade.A lição sabemos de cor...só nos resta aprender !

*articulista

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