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Artigo: Sobre "Lá Tinha” e outras tristezas para Cassilândia

João Pampalona Vilela - 20 de fevereiro de 2010 - 08:52

Caro Girotto, resolvi deixar a poeira baixar como diz o dito popular e só então fazer algumas considerações sobre o carnaval 2010. Preferi usar a frieza das letras, para não ser traído pela emoção das palavras.

Na busca de como começar o texto leio no Espaço do Leitor do Cassilândia News as considerações de uma leitora sobre a opinião de outro leitor, o nosso amigo Cid Ronner. Diz a leitora em determinada parte do texto, “Saber que há uns 15 anos a cidade era beeemmm melhor que hoje..só quem viu e quem ve agora..pra acreditar...”.

Partindo desse princípio, refresco a memória dos leitores sobre algumas coisas que perdemos nos últimos 15 anos, até chegarmos nos dias de hoje e então vermos se temos motivos para rir ou para chorar.

Aqui já tivemos o tradicional CERCA (Clube de Equitação Rural de Cassilândia). Local onde se realizava eventos grandiosos, como por exemplo o tradicional Encontro de Cowboys e vários outros. O Colégio Rui Barbosa na Vila Pernambuco realizava o tradicional Rodeio Estudantil. As Lojas Maçônicas realizavam no fim do ano no Ginásio de Esportes o tradicional Rodeio Indoor. Evento beneficente que angariava recursos para as atividades benemerentes das entidades organizadoras.

Saindo do setor de rodeio, Cassilândia também tinha para os amantes da dança várias opções para diversos públicos, como por exemplo o Iate Clube, o Faixa Azul e até o lendário Baile do Severino na Vila Pernambuco. Sem falar é claro da Aquárius, boite que funcionava perto da Praça São José.

Os mais saudosistas ainda se lembram das tradicionais quermesses. Quem não se lembra dos leilões entusiasmados e criativos do grande comunicador Caxim, dentre os quais destaco os leilões realizados ao lado do extinto Marechal Rondon. Buscando um pouco antes a performance do grande amigo Lauro Souza também em seus leilões.

Não podemos nunca deixar de destacar o Bairros em Desfile evento criado pela Rádio Patriarca apresentado por Lucimar Rodrigues e o nosso saudoso companheiro Fátimo Júnior. Evento que movimentava as escolas da cidade com músicas e brincadeiras, sempre em algum bairro da cidade. Destaca-se também nessa área o Paquera na Avenida, evento apresentado por Reinaldo César quando trabalhava na Rádio Central FM. Sempre com, brincadeiras, prêmios e bandas tocando ao vivo.

Chegamos aos dias atuais.

Me lembro quando dos idos de 2003, você sugerindo para o ex-prefeito Jair Boni a possibilidade de tornar o carnaval de Cassilândia um evento diferenciado e que resgatasse a magia dos velhos carnavais. Como Jair topou a parada o trabalho começou. Participei de algumas reuniões dos pioneiros, vi uma nova indústria se formar. Acompanhei todos os sambas, vi uma mística sendo criada em torno da festa e os anos foram se passando.

Com o passar do tempo novas pessoas até então relutantes com a possibilidade de desfilar em uma escola foram perdendo a timidez e gradativamente foram se incorporando a festa. Trabalhando pela rádio acompanhei o movimento de concentrações, o trabalho de costureiras a criatividade de músicos enfim de todo um conjunto de pessoas que se preocupavam em fazer algo diferente.

As críticas, claro, sempre existiram. Alguns achavam que “tinha que fazer igual Paranaíba”, “gastar dinheiro com carnaval com tanto buraco, imagina”, “esse dinheiro dava para construir tantas casas” (como se pra fazer algo tivesse que abrir mão de outra) e por ai vai.

Hoje andando pela “Avenida do Samba”, vejo que infelizmente os pessimistas venceram. Eu que vi nesse ano, outros carnavais pude entender porque gradativamente também na área dos eventos, Cassilândia também é considerada a cidade do “Lá Tinha”. Enquanto em outras cidades, se conjuga para o carnaval verbos como “construir”, “ampliar” e “melhorar”. Aqui os verbos são outros, ou seja, “destruir”, “diminuir” e “piorar”.

Eu ainda continuo acreditando na melhoria, na diferenciação positiva e na inovação. Vejo que o que acontece com o carnaval de Cassilândia faz parte de um processo muito mais complexo e abrangente, ou seja, sem alegria e sem sorriso a cidade vai morrendo aos poucos.

Finalizo, novamente com a frase da leitora que assina como Mariana Santos, “Saber que há uns 15 anos a cidade era beeemmm melhor que hoje..só quem viu e quem ve agora..pra acreditar...”.

É pra sentar no meio-fio e chorar meu caro.

Um abraço!

Pamplona

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