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Artigo: Síndrome de ardência bucal

Agência Notisa - 09 de setembro de 2004 - 14:09

A síndrome da ardência bucal (SAB) não é um problema raro e o paciente queixa-se de boca ardendo, mesmo sem ter lesões na mucosa. Acomete principalmente mulheres e a sintomatologia está relacionada a eventos de estresse, embora também ocorra em pacientes portadores de candidíase ou diabéticos. Um estudo espanhol, publicado na revista Medicina Oral (Volume 9, nº1), investigou as formas de tratamento da patologia e comprovou que o ácido alfa-lipóico pode ser importante auxiliar terapêutico.

O estudo contou com 192 pacientes portadores da síndrome, nos quais foram comparados três tipos de tratamento: psicoterapia (com duas sessões semanais), ácido alfa-lipóico (600mg/dia, por dois meses) e a combinação das duas terapias (psicoterapia e ácido alfa-lipóico). A um quarto grupo — controle — os pesquisadores administraram placebo. “O objetivo do estudo, como é percebido, foi examinar a eficácia da psicanálise e da psicoterapia cognitiva, comparada com a terapia farmacológica, em contraste com a interação das duas práticas”, explicam os pesquisadores no artigo.

Segundo a pesquisa, tanto os pacientes tratados com psicoterapia, quanto os que receberam somente ácido alfa-lipóico (ALA) obtiveram melhoras significativas da sintomatologia. Contudo, os pesquisadores apontam que maior número de beneficiados foi encontrado no grupo que recebeu os dois tratamentos, simultaneamente. E mais: esses pacientes teriam conseguido manter a ausência de sintomas da síndrome por seis meses após o término do tratamento.

“Na síndrome da ardência bucal, estudos recentes já sugeriram o benefício do ácido alfa-lipóico, um fármaco útil em diversas neuropatias, parecendo possível, portanto, com base nessa evidencia, que a SAB seja mais uma neuropatia periférica provocada por eventos psicológicos estressantes”, destacam os pesquisadores.

O estudo também reitera que, normalmente, os sintomas da síndrome são desencadeados na vigência de experiências de perdas ou mudanças significativas na vida dos pacientes. “No paciente deprimido, a boca é uma área de conflito, estando relacionada à frustração de necessidades (principalmente fisiológicas), também sendo uma área em que se somatizam expressões simbólicas de culpa associada. É um local para somatizar conflitos prévios. Portanto, é na boca que se manifesta a culpa”, explica a pesquisa.

De acordo com os pesquisadores, os pacientes sentem mais dor na SAB quando têm aumento dos problemas interpessoais, daí a necessidade, segundo eles, de a psicoterapia estar sempre presente. Porém, tratamentos curtos com 600Mg/dia do ácido devem complementar a terapia psicológica: “o ALA pode atuar como um neuroprotetor e ajudar na recuperação do dano neuronal”, conclui a pesquisa.

Agência Notisa (jornalismo científico - scientific journalism)

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