Eu, como a maioria dos habitantes deste planeta, quando soube da tragédia do desmoronamento da mina no Chile fiquei muito emocionado. Soterrados há quase um mês, os 33 mineiros tiveram toda a atenção e solidariedade do mundo voltadas para eles.
Eu me refiro a solidariedade pois é impossível, nesse caso, não imaginar como é que esses homens estão se sentindo a 700 metros da superfície.
Com a previsão de terem de aguardar quase até o final do ano para poderem sair, começa-se a especular sobre a possibilidade de depressão, desânimo e de uma série de consequências relacionadas à condição emocional dessas pessoas.
Sem condições de higiene apropriadas, sem quase nenhum conforto e em uma situação que até o oxigênio é artigo de luxo, não podemos estranhar que essas pessoas passem por momentos de dúvidas pessoais.
Foi anunciado, inclusive, que a própria liberdade deles dependeria do esforço pessoal de cada um, ou seja, que eles deveriam cavar de baixo para cima para obter sua liberdade.
Mas não é por acaso que esses homens sobreviveram às falhas cometidas até o momento na superfície, incluindo a demora em serem localizados, mas isso se deve ao esforço em conjunto, ao trabalho em equipe, a solidariedade mútua e a cooperação.
Se não conseguissem juntar todas essas qualidades, esse grupo já teria sucumbido, pois foi através de pequenos sacrifícios como racionar alimentos, cavar para conseguir sua água e por terem se dado apoio moral o tempo todo que tem possibilitado sua sobrevivência.
Cada indivíduo dessa tragédia, nesse momento, se torna um personagem. Torcemos, choramos e rezamos por eles. Queremos ver todos livres e, nem mesmo, os conhecemos pessoalmente.
Eles nos têm servido de inspiração através das notícias que vem daquele abrigo, onde se enaltece a força de vontade que define o que é ser humano.A título de exemplo, o líder natural do grupo, um mineiro de 63 anos de idade, Mario Gómez, que já estava prestes a se aposentar e que hoje ajuda a outros 32 mineiros a sobreviver. O que ele tem de especial?
Eu respondo: Ele fez da sua liberdade sua luta pessoal, e está arrastando todos do seu grupo com ele. Ele, como todos os soterrados na mina, agora faz parte da história, e seus atos e suas decisões irão influenciar as futuras gerações e servirão de exemplo para toda a humanidade.
A nós só resta esperar que eles permaneçam motivados, sabendo que o mundo está torcendo para que eles sobrevivam para contar sua história.

Luciano Coppini é Psicólogo, Consultor de Empresas; Professor Universitário; especialista em Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Profissional, realiza Coaching Gerencial e apresenta o programa Tendência pelo Agromix TV.