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Artigo: O sabor de desconhecer o que se conhece

Prof. Rosildo Barcellos - 26 de outubro de 2011 - 06:40

O brincar é, para a criança, um impulso natural. Entrementes, ela exercita sua vontade de descobrir, sua curiosidade e sua necessidade de aprender e compreender o mundo que a cerca. Nessa feliz brincadeira, a criança envolve-se, assume papéis, experimenta possibilidades, formula e testa hipóteses, tira conclusões e mormente elabora sua visão de mundo. É imperioso garantir às crianças na escola e na família não apenas momentos e materiais que possibilitem o exercício do brincar, mas também estímulos que a auxiliem a desenvolver suas potencialidades de maneira satisfatória. Neste recente dia das crianças observei que na nossa sociedade tecnológica e consumista, muitas brincadeiras tradicionais foram sendo abandonadas e substituídas por brinquedos eletrônicos, alguns dos quais fazem tudo sozinhos, exigindo o mínimo de participação da criança e de seu cérebro. Esses brinquedos, que não representam desafio a quem os manipula, são logo postos de lado e prontamente substituídos por outros que a mídia apresenta.

Acredito que não apenas a cultura implícita nos brinquedos e brincadeiras tradicionais, para não se perderem, terão que ser resgatados pela escola e pela família, como a capacidade imaginativa e criadora de crianças cujos únicos brinquedos são os industrializados pode ficar aquém de suas reais potencialidades.O resgate de brinquedos e brincadeiras tradicionais, sua produção e as possibilidades de exploração por eles oferecidas devem ser objetivos de toda escola, pois além de fazerem parte da cultura da infância, podem estimular a criatividade, a coordenação motora, a imaginação, a percepção visual, auditiva e tátil e a concentração.

A socialização entre as crianças é especialmente estimulada nas situações de uso dos brinquedos, nas negociações para a construção dos brinquedos, na troca de idéias entre as crianças e com os adultos e na própria fabricação dos brinquedos pelas crianças. O conhecimento desses brinquedos tradicionais, que eu peço permissão para esquecer alguns,como pião, pipa, carrinho de rolimã, vai-vem, bilboquê , além de trazer elementos de cultura, permite um amplo trabalho de aquisição de vocabulário verbal e corporal, na medida em que o contato com estes brinquedos e brincadeiras, a compreensão de suas características, o ponto que eu conidero fundamental:a aquisição das regras.

O envolvimento das crianças na pesquisa de brinquedos, seja através da observação dos brinquedos que têm em sua residência, de conversas com os pais sobre os brinquedos de que gostavam em sua infância , é muito produtivo, considerando que este é um tema altamente significativo e mobilizador para as crianças, pois não apenas fazem parte de sua realidade como são os meios mais adequados para aprender com alegria.

Percebo ser óbvio, para pais e professores, a importância de valorizar as brincadeiras tradicionais da infância , ofertando-lhes o tempo, o espaço e a oportunidade de brincarem, de serem crianças e de viverem uma infância que merecerá ser lembrada no futuro como feliz e repleta de brincadeiras. Se os próprios adultos puderem lembrar e reviver suas experiências de infância com seus filhos e alunos, ainda melhor. Se não tiveram esta vivência, eis uma oportunidade indescritível,ótima e “nova” de se brincar...
*Articulista,








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