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Artigo: O outro lado do mundo, por Lucas Brasil

Lucas Brasil, membro do Rotary IGE 2009 Brasil - Coreia do Sul - 12 de maio de 2009 - 02:17

É muito fácil estar em um país do tamanho de Santa Catarina, com apenas 44 milhões de habitantes, com um clima agradável (na verdade frio, o que para mim é muito agradável) e cercado de pessoas muito bem educadas – nos dois sentidos da expressão – e aparentemente previsíveis.
Digo isso pois em pouquíssimo tempo pode-se conhecer muitos lugares lindos e sempre bem conservados devido à educação do povo, que por acaso é a melhor do mundo em quase todas as áreas, e também pela educação do povo que além de estudado é consciente e gentil. Tão gentil, aliás, que chega a parecer duvidosa. Após um certo tempo, percebe-se, contudo, que é natural fazerem de tudo para agradar quem é de fora. Tradição, ou evolução.
Quando ouvimos falar que educação é tudo, acredito que poucos imaginam o real sentido que isso traz na prática. Um país que em vinte anos se tornou uma potência econômica (com o PIB hoje quase tão rico quanto o do Brasil, mas com o IDH e renda per capta infinitamente melhores) e política mundial, feito maior que o do Japão do pós-guerra (por ter sido mais rápido) ou da nova China, (rica, porém burra) merece toda a atenção do mundo, pois o fizeram resguardando o melhor que tiveram no passado.
Os grandes feitos parecem maiores quando relembrados em um das dezenas de magníficos museus sobre a guerra com o Japão no século XVI, ou da história milenar de seu povo, ou da marinha, ou da guerra entre o Norte e o Sul que ainda divide o país.
As guerras fazem parte ainda do cotidiano desse povo que precisa, e sempre precisou batalhar, literalmente, pelo pouco de terra que possuem.
Já que os recursos naturais lhes faltavam, investiram no que tem de mais importante: as pessoas. Foi isso que fez de lá um dos melhores lugares do mundo para se viver. Cidades limpíssimas (impossível contestar), escolas e universidades públicas (sempre) que possuem cinema na sala de inglês, laboratórios com aparelhos de milhões de dólares, hospitais que se parecem com hotéis de luxo e estradas que parecem tapetes de mármore.
É muito difícil estar em um país do tamanho de Santa Catarina, com apenas 44 milhões de habitantes, com um clima agradável e cercado de pessoas muito bem educadas – nos dois sentidos da expressão – e aparentemente previsíveis.
Sim, é difícil. Difícil ter que ver que todos tem a mesma oportunidade de crescer e se desenvolver e, quando o fazem, não querem ser melhor que ninguém, nem o mais bonito, nem a mais bem sucedida ou mais rica, nem o mais poderoso. Onde um professor de quarta série ganha o mesmo tanto que um juiz e é tão respeitado quanto, e o prefeito age como aquilo que é, o representante do povo e não do seu bolso.
É duro também ver tanta gente parecida, não na aparência claro, porque de fato são, mas nas atitudes, nos sentimentos. Difícil porque onde vivemos para cultuar “big brotheres”, celebridades e duplinhas sertanejas (principalmente as universitárias) realmente é difícil sermos apenas mais uma abelha na colméia, fazendo sua parte para que todos vivam bem. Passar a vida assim é complicado para o ser humano, egoísta e ambicioso por natureza.
E como é difícil voltar! Voltar de um lugar onde o trabalho e o estudo são valorizados e garantidos; de um lugar onde se pode sair a qualquer hora para qualquer lugar sem se preocupar com a segurança... voltar para onde não se pode, ia dizer sair de casa, mas nos matam dentro de nossas casas mesmo. Matam-nos em casa, furtam-nos dos impostos e obrigam- nos a uma justiça mesquinha.
Pois bem, lugares assim existem e agora tenho que dividir meu ser, já que após tudo que vivi não posso negar, uma metade de mim agora é coreana, e a outra... bem, ¼ ainda é brasileiro e o resto... devo procurar por aí.

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