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Artigo: O legado não começa hoje

*Luis Valdes - 14 de junho de 2011 - 08:24

Entre políticos e meios de comunicação, parece fixa a idéia de que o \"legado\" que será deixado para a população brasileira só passará a acontecer nos últimos dias da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Entretanto, essa idéia está equivocada, pois a construção do legado já está em marcha, e não começou bem.


Grandes eventos como esses não só podem como devem ajudar a melhorar muitos aspectos em nossa sociedade. Isso porque, em sua grande maioria são atribuídos não somente aos importantes projetos de melhoria na infraestrutura, mas também aos aspectos sociais, culturais e ambientais.



Um grande evento tem o potencial de deixar um legado tanto em sua própria população quanto na comunidade internacional.



Um dos legados mais importantes que um grande evento pode deixar para um país é a \"melhoria da autoestima e confiança do seu povo\". Ao contrário disso, o sentimento da população brasileira neste momento, é de que a gestão da Copa não está sendo conduzida da maneira mais adequada e mesmo que estivesse, ainda assim a percepção seria a mesma. Os brasileiros ainda têm a visão de que no Brasil nada evolui e que seguimos sendo ineficientes, diminuindo ainda mais a autoestima da sociedade.



Ainda mais preocupante é a imagem que as autoridades brasileiras transmitem ao mundo inteiro, o que levou a FIFA (Federação Internacional de Futebol) a deixar claro as suas dúvidas com relação ao andamento das obras, refletindo seriamente na imagem do Brasil como um país amador, de muita diversão e pouco profissionalismo.



A conclusão a que chegamos diante desta realidade é que muito antes do início da Copa e dos Jogos Olímpicos, já construirmos um \"legado negativo\" a ser deixado para o Brasil tanto a nível doméstico como internacional.



Imaginemos então um cenário em que as notícias sejam positivas, que as obras estejam avançando em ritmo acelerado, os orçamentos muito bem calculados e tudo funcionando a contento. Isto reforçaria a idéia de que as coisas estão mudando e que este na verdade é o momento do Brasil. Principalmente se a FIFA mostrasse constantemente sua admiração pelo que se está produzido no país e comunicasse esta mensagem internacionalmente. Os investidores internacionais perceberiam que no Brasil os temas evoluem positivamente, aumentando assim ainda mais a sua confiança e percepção do nosso país.



Todas essas possibilidades estão sendo desperdiçadas e bem longe de ajudar a melhorar. Muitas outras notícias positivas poderiam estar chegando à população e à comunidade internacional, de forma que em 2014, inclusive antes do início da Copa, já teríamos um legado muito positivo.



O que falta na verdade é estruturar o planejamento da construção do legado. O mais recomendado inicialmente é a definição de uma estratégia com os objetivos desejados a nível sócio cultural, econômico e ambiental, e as grandes linhas estratégicas para sua implementação. Definida a estratégia, o segundo passo é estruturar um plano de ações concretas, considerando que cada uma delas deva ter um responsável e calendário definido, respectivo orçamento e os indicadores de cumprimento definidos de forma bastante simples e clara. Por fim, é possível obter um desenho da dinâmica da gestão da execução das ações com os indicadores, responsáveis, metas, freqüência e reuniões de acompanhamento.



Com uma dinâmica pragmática de planejamento, é possível determinar os caminhos para o sucesso. Talvez o Brasil e suas cidades tenham estratégias e planos de legado, porém nem a população brasileira e a comunidade internacional estão com esta percepção.

*Luis Valdes, diretor da Europraxis para a divisão Turismo & Lazer

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