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Artigo: O jornalista sem diploma

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - - 19 de junho de 2009 - 10:57

A decisão do Supremo Tribunal Federal - de acabar com a exigência do diploma de jornalista - está longe de colocar um fim às dificuldades do setor. No passado, o jornalismo era exercido por políticos, advogados e outros cidadãos, muitos deles autodidatas. O jornalista regularmente estabelecido na profissão (que a ela se dedicava profissionalmente) sofria a concorrência desleal dos "biqueiros" que, muitas vezes, sem qualquer qualificação e condição profissional, trabalhavam em troca da carteirinha e, com ela, saiam pela aí fazendo negociatas e denegrindo a imagem da classe. A exigência do diploma quase zerou essa irregularidade, mas, em contrapartida, fechou a porta para os vocacionados que, por alguma razão, não conseguem freqüentar o curso de jornalismo.
A classe passou a ser mais protegida dos atravessadores e proliferaram os cursos, muitos deles sem a menor condição de formar os profissionais exigidos pelo mercado. Houve, inclusive, o irresponsável período em que, pelo status sugerido, virou moda estudar comunicação. Muitos dos formados nestas condições, pela falta de preparo para os desafios da profissão, não souberam o que fazer do diploma e acabaram por enforcar o oficio. E nem poderia ser diferente, pois tiveram aulas com mestres que, mesmo com brilhantes carreiras acadêmicas, nunca atuaram em rádio, jornal ou TV. Pela crônica falta de recursos nas escolas, não foram levados à aulas práticas e a elaborar materiais de laboratório. Logo, saíram mais cultos do que entraram, mas não preparados para o trabalho nas redações.
A existência desses problemas, no entanto, não deveria gerar a degola da exigência do diploma. Em vez de lutar pela extinção, os grandes veículos de comunicação e as autoridades do setor deveriam buscar a melhora das escolas e a garantia de qualidade no ensino. Há que se considerar que a maioria dos jornalistas admitidos no mercado nas últimas três décadas foi formada pelas escolas, mesmo pelas deficientes. Acabando a exibilidade do diploma e da formação específica, o que seria de toda essa gente que investiu seu tempo, dinheiro e até os sonhos na profissão? Só lhes restaria a frustração e a perda da confiança na segurança da legislação e da própria sociedade.
"Consertar" os cursos de formação seria melhor do que destruir a profissão. Com a formação adequada, os formados deixarão de sofrer ao entrarem no mercado e lucrarão as empresas de comunicação, que não precisarão mais treinar os principiantes para colocá-los em condições de enfrentar os desafios do dia-a-dia de suas redações. Aí, sim, caminharemos para mais próximo da solução dos problemas que envolvem o jornalismo de hoje.
Há, também, que se flexibilizar e até normatizar a participação de profissionais que tenham o quê escrever ou falar sobre os respectivos ramos de atividade e até sobre assuntos gerais, de uma forma que não venham a produzir notícias ou ocupar o espaço profissional exclusivo do jornalista. Que ocupem os importantes espaços de opinião e contribuam com o debate, mas não sejam concorrentes diretos das redações.
O jornalismo e o jornalista merecem todo o respeito, pois constituem um grande patrimônio nacional, a segurança da sociedade. Não podem, jamais, ser desmerecidos e nem vitimados pelo "liberou geral". A maior vitima seria a comunidade.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)




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