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Artigo: Manoel Afonso fala sobre a inveja

Manoel Afonso - 15 de janeiro de 2007 - 09:27

SOMOS TODOS INVEJOSOS OU INVEJADOS! DEPENDE...

“A inveja é admiração sem esperança”.
( Soren Kierkegaard )

Você conhece pelo menos uma só pessoa de nome Caim? Não vale apelido artístico.
Claro que não! Ninguém ousaria batizar um filho lembrando aquele homem que teve a ousadia de matar seu próprio irmão (Abel) por inveja, tornando-se um personagem estigmatizado da história cristã; amaldiçoado até, a exemplo de Judas por trair Jesus.
Só para se ter uma idéia desta afirmativa: o Ibope pesquisou nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro e não encontrou um só registro de pessoa com esse nome (Caim). Ao longo da história da humanidade, a inveja sempre foi combatida, fornecendo subsídios para discussões e obras literárias diversas.
Porque você acha que tapamos os olhos dos nossos mortos? Isso não é coisa nova. Antigamente alguns povos colocavam uma moeda em cada olho do morto, acreditando que ele invejava quem permanecia vivo e estava a sua volta no velório.
Embora tão criticada, a inveja sobreviveu ao tempo e a todas as culturas do mundo. E o mais curioso é que ela ficou arraigada ao homem em suas andanças e conquistas, sendo inclusive incentivada nos dias atuais.
Bom exemplo é a propaganda na televisão, como estimulante do consumo que é, leva as pessoas ao desejo, à admiração e, consequentemente, à inveja. Quem não se policiar acaba invejando aquele personagem que se mostra feliz e realizado porque usa esse ou aquele produto. Daí que a inveja pode desembocar na cobiça, que é um desejo por riqueza material, a qual pode ou não pertencer a outros.
Quem é invejoso frequentemente ignora suas próprias bençãos e prioriza o “status” de outra pessoa no lugar do próprio crescimento. Assim sua característica mais típica é a comparação desfavorável da sua condição social. Daí se justificar: a inveja é o desejo por atributos, posses e habilidades de outra pessoa.
Seria a inveja apenas um mecanismo de defesa dos mais “fracos” contra os mais “fortes”, como diz a psicologia? Uma espécie de dor de cotovelo? Um atestado de incompetência? Uma pontinha de ciúme? Independentemente da definição exata, cada qual se defende como pode. Contra aqueles “maus olhados”, que secam até pimenteira, vale tudo, inclusive figa de Guiné e galho de arruda. Conheço, por exemplo, pessoas “cuidadosas” com os olhos dos invejosos que na troca do carro usado pelo novo, mantém a mesma cor para não despertar esse “sentimento” em gente próxima.
Fruto de uma sociedade concorrencial, a inveja está muito mais perto do que imaginamos. Dentro de casa a rivalidade entre irmãos e até entre os cônjuges, nada mais é que uma inveja camuflada. Mas é no ambiente de trabalho e no grupo social que ela aflora . “Poucos amigos admiram sem invejar”, já dizia o grego Ésquilo. Seria proibido ser feliz? Essa é a questão! Amigo vibra com o sucesso profissional do outro? Aquele que é promovido ou ganha na Loteria é muito mais invejado do que admirado pelos amigos na hora da comemoração. Poucos dizem “ele merece”. A maioria ironiza até de forma chula: “que cara largo”!
O título do texto, além de despertar a atenção para a leitura, tem o propósito de estimular a reflexão sobre o assunto e quem sabe até repensar atitudes, conceitos e reações no dia a dia. Invejoso ou invejado? Quem decide é você leitor!

Manoel Afonso
(comentarista da TV.Record-MS.)
[email protected]

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