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Artigo: Lembranças de Viagens de Carlos Pulino

Carlos André Prado Pulino é médico oftalmologista em Cassilândia (MS) - 01 de março de 2010 - 08:00

Arquivo Pessoal
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VENEZA II

Numa outra visita a Veneza, fizemos trajeto diferente e chegamos pela rodovia, na chamada Veneza Mestra. Estávamos numa van alugada, com a qual percorremos praticamente toda a Itália, deixamos o carro na parte continental da cidade e tomamos o vaporetto, que é uma espécie de barco, e que nos levou pelo Grande Canal até a Praça de São Marcos. Era o mês de agosto, portanto verão na Europa, com muito calor, e o colorido do fim de tarde se espalhava pelas águas do canal e dourava as fachadas dos palácios ao longo dele, dando a tudo um aspecto muito lindo, de sonho mesmo. Desembarcamos na Praça de São Marcos, cerca de 8 horas da noite e ela estava lotada, toda iluminada, com a música dos instrumentos inundando o ambiente e competindo em romantismo com a lua cheia que, imponente e majestosa, chamava para si a atenção dos casais presentes. Aproveitamos ao máximo a magia do local e do momento. Veneza chega a receber uns 12 milhões de turistas ao ano. Com este afluxo de pessoas, os preços por lá se tornaram exorbitantes, principalmente nos restaurantes ao redor da praça, onde se paga cerca de 7 Euros por um copo de cerveja! Nós até sentamos um pouco nas mesas para apreciar a música e tudo o mais, mas depois procuramos um lugar um pouco mais afastado daquele centro para jantar. Encontramos o restaurante “Piccolo Martini”, agradável e aconchegante e, para nossa surpresa, a garçonete que nos atendeu era uma brasileira, gaúcha, de nome Natália, que foi para lá estudar italiano e trabalhar. Fez mil perguntas sobre a nossa terra, estava com saudades daqui e da família. Foi de uma gentileza sem par conosco e, ao fim do jantar, ainda nos brindou oferecendo a sobremesa: uma delicia de torta de maçã! É uma sensação muito boa encontrar conterrâneos quando se está fora do nosso país, e eles também manifestam alegria por ter notícias daqui e por falar a língua natal com mais alguém. Encerramos este jantar com chave de ouro, tomando um café expresso, uma ótima criação italiana, e que eles servem bem forte. Voltamos para a praça e caminhamos para o lado que se comunica com o cais, onde ficam as gôndolas, paradas lado a lado, e aguardando os turistas para um passeio. Estes passeios custam 80 euros! Bem caro para quem ganha em real. O pessoal que me acompanhava estava impressionado com o número de turistas por ali. Mas, de verdade, gente mesmo, eu pude ver por aqui numa outra viagem, num mês de abril, por ocasião da Pasquina, que é uma tradição italiana comemorada após a Páscoa, e que a querida e saudosa Vó Rosa, avó de minha mulher, e que era filha de italianos, vivia mencionando e eu sempre achei que fosse folclore. Daquela vez, chegando à Veneza encontramos tudo fechado, e um tal número de pessoas, que era impossível de se andar nas ruazinhas. Era uma verdadeira massa humana se acotovelando e caminhando em bloco. Conversei com uma brasileira moradora de lá, e soube que é uma furada conhecer Veneza na Pasquina ou no Carnaval Veneziano, pois não se anda de tanta gente! O Carnaval é comemorado em fevereiro, e é uma festa exclusivamente popular, onde as pessoas usam chapéus e capas medievais e máscaras, as famosas máscaras venezianas, desde as mais simples até as mais sofisticadas e ricas, feitas com todo esmero por artesões locais. Figuras públicas, políticos, artistas famosos, todos se misturam anonimamente à multidão e se divertem sem serem incomodados e nem reconhecidos. Não se sabe, às vezes, nem se o mascarado é um homem ou uma mulher. Brincam e se divertem neste único dia de carnaval. Fiquei também surpreso ao saber que a famosa Ponte dos Suspiros, uma das mais visitadas e famosas da cidade, não tem a conotação romântica que eu sempre supus que tivesse. Ela liga o Palácio Ducale, local onde os acusados de crimes eram julgados, ao edifício da cadeia, para onde eram levados após a condenação. Portanto, o nome Ponte dos Suspiros, refere-se ao último suspiro de liberdade exalado pelo prisioneiro antes de ser trancafiado numa das celas ou de ser exilado. Em Veneza, vale a pena conhecer ainda a Ilha de Murano, onde artesões demonstram como é feita a arte milenar de se criar verdadeiras obras de arte em vidro, e que são exportadas para todo o mundo. Podemos vê-los junto aos fornos, assoprando vidro em estado líquido e dando-lhe forma e vida. As peças de murano e as máscaras venezianas são os souvenires típicos de Veneza. Outra curiosidade em Veneza: na Praça de São Marcos, além de turistas, há milhares de pombos. Eles se misturam às pessoas, pelo chão ou em revoadas, e turistas fotografam e filmam tudo, e é muito divertido ficar observando estas cenas, com as pessoas rindo e correndo atrás deles provocando muita confusão e barulho. Também chama a atenção o fato de haver muitas tábuas e armações de ferro na praça. Elas servem para se montar passarelas para as pessoas caminharem sem molhar os pés, quando as águas sobem e inundam tudo por ali. Em determinadas épocas do ano, a água chega a atingir mais de 50cm de altura! Nestas ocasiões, é até possível se passear de gôndola na própria praça.
Tudo isso já é tão parte da rotina da cidade, que os donos das lojas nem se abalam e já vão montando rampas especialmente preparadas para impedir a entrada da água e algum prejuízo para suas finas mercadorias. Dá até para entender porque o primeiro degrau da escadaria da igreja é tão alto! Com tudo isso, vocês também não concordam que Veneza é uma cidade única, sem par no mundo??

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