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Artigo: Lembranças de Viagens de Carlos Pulino

Carlos André Prado Pulino é médico oftalmologista em Cassilândia (MS) - 01 de fevereiro de 2010 - 08:25

Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

VISITA AO KREMLIN

O Kremlin, palavra que significa fortaleza, é um conjunto de prédios cercados por muros de 5 a 19 metros de altura, dependendo do relevo do terreno, que tem dezoito torres de proteção e possui, em seu interior, dez igrejas, praças, palácios e a parte burocrática do governo russo, tudo isso ocupando uma área de 27,5 hectares. É considerado o melhor exemplo de fortaleza medieval conservada até hoje. Foi construída entre os anos de 1485 a 1495, por arquitetos e engenheiros italianos. Possui forma triangular, e situa-se numa das margens do Rio Moscou. Lá está o principal templo do país, a Catedral da Assunção que, durante séculos, foi o palco de todas as coroações, entronizações e bodas dos czares. Pedro I e Catarina II celebraram nela suas vitórias militares. É uma igreja ampla, com dois belíssimos e imensos lustres de cristal e prata, pesando cada um deles cerca de 1.500kg. No século 19, quando Napoleão Bonaparte invadiu Moscou, para humilhar o povo russo, usou esta igreja como estábulo e abrigou aí seus cavalos do frio. Quando se retirou, levou como despojo de guerra, um dos lustres, mas de tão pesado e devido ao rigor do inverno russo, a carroça que o transportava quebrou, e ele teve que abandoná-lo no meio da neve, pois não havia meio de carregá-lo tamanho era seu peso. Posteriormente o lustre foi recolocado em seu devido lugar. No interior do Kremlin, caminha-se por praças e ruas, tudo com sinalização de solo indicando até onde se pode ir, e quando alguém transpõe uma faixa, ouvem-se apitos dos guardas que, portando armas automáticas, fazem gestos enérgicos para que se respeitem os limites. Passamos perto do Palácio do Governo, onde o presidente Boris Yeltsin despacha, mas não se percebem quaisquer atividades, somente os carros oficiais com seus respectivos motoristas ao lado sugerem a presença das autoridades no local. Vimos macieiras em todas as calçadas, carregadas de frutos ainda verdes, proporcionando uma visão maravilhosa. Ninguém toca nos frutos, por respeito e porque as macieiras na Rússia são muito comuns, o equivalente às goiabeiras em nosso país.Observamos ainda outras duas curiosidades: o maior canhão do mundo, e que nunca atirou, e o maior sino do mundo, o Sino do Czar, que apóia suas 40 toneladas diretamente no solo, e que também nunca foi tocado. Ele tem um grande fragmento, solto, apoiado a seu lado. Segundo a história, à época de sua construção, as casas eram todas de madeira, e ocorreu um grande incêndio que aqueceu o sino e, no corre-corre de apagar o fogo, acabaram jogando água fria nele, o que causou uma rachadura enorme em sua estrutura, chegando a soltar o pedaço.
Após visitarmos o Kremlin, fizemos um passeio de barco pelo Rio Moscou. Estava uma tarde agradável, sentamos no convés superior do barco, e fomos apreciando os prédios e monumentos importantes. Chamou nossa atenção a quantidade de noivas que víamos em todo lado. Surgiam como pontinhos brancos se movendo na multidão e ao longe. Soubemos que os casamentos ocorrem principalmente no verão porque as moças esperam a estação mais quente para poderem usar os vaporosos vestidos, coisa que no inverno (muito rigoroso: -20º a -30º) seria impossível. E é tradição os noivos visitarem os monumentos históricos da cidade, onde tiram fotos e brindam com champanhe pedindo bênçãos e felicidades para a nova vida. As limusines dos noivos se destacavam, todas enfeitadas com flores e com imensas alianças entrelaçadas no teto ou no capô. Neste passeio pelo rio Moscou, tivemos uma visão panorâmica de toda a cidade, com seus edifícios públicos com cores em tons pastel de verde, azul, rosa e amarelo e a maravilhosa visão das cúpulas das igrejas em formato de cebola emoldurando todo aquele cenário.
Após conhecer São Petersburgo e Moscou, e ter contato com o povo russo, mudamos muito nossa opinião. É um povo bonito, alegre, culto, educado e com imenso orgulho de seus heróis. A propaganda que jornais e TV fazem daquele país é, por vezes, totalmente diferente do que vimos. Após a queda do regime comunista eles ainda estão numa fase de transição para o capitalismo. Segundo nossa guia russa, umas coisas melhoraram, como a liberdade de expressão; e outras pioraram, como o aparecimento do desemprego, coisa que não havia antes. Para quem, um dia, pensa em conhecer a Rússia, digo que vale a pena. Eu voltaria amanhã se fosse possível. A única dificuldade lá é, realmente, a língua, mas nada que uma boa guia - falando o português, claro! - não possa resolver.

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