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Geral

Artigo: Lembranças de Carlos Pulino

Carlos André Prado Pulino – médico oftalmologista - 20 de novembro de 2010 - 05:34

INVALIDES
O Invalides é um museu francês que, para quem se interessa pela história da França e, especialmente por Napoleão Bonaparte, é um prato cheio. Há ainda muita coisa sobre a Primeira e a Segunda Grande Guerra. Deve-se chegar cedo para visitá-lo, porque além de ter coisa para se ver o dia todo, é muito concorrido e está sempre lotado de turistas. A gente compra um ingresso completo, em torno de R$ 15,00, que serve para visitar todo o Museu e outro de mais R$ 15,00 só para ver o túmulo de Napoleão.
Les Invalides, como é chamado, era anteriormente um hotel construído em 1676, por ordem do rei Luiz XIV, e que servia para acolher os veteranos de guerra desamparados ou feridos. O Hotel dos Inválidos pertence a um complexo de edifícios, formados pelo próprio hotel, o Domus e a Igreja de São Luiz. O hotel já chegou a acolher seis mil soldados, e hoje abriga o Museu das Armas, considerado um dos mais completos do mundo em história militar.
Lá é possível ver armaduras, uniformes completos, armas e uma infinidade de objetos relacionados às Guerras Mundiais, verdadeiras relíquias dispostas em inúmeras alas. Sobre a Segunda Guerra tem muita coisa: documentos, fotos, filmes, armas, utensílios, hospital de campanha, etc.
O que mais chamou nossa atenção foi a máscara mortuária em gesso de Napoleão, seu cachorro e seu cavalo empalhados. Mas, de verdade, a sala que eu mais gosto neste museu é sobre Charles André Joseph Marie de Gaulle, conhecido como general de Gaulle. Ele foi Primeiro Ministro e Presidente da França, e também foi um grande estrategista em tanques e na aviação durante a Segunda Guerra Mundial. Além disso, foi líder da Resistência Francesa diante dos alemães. Ele era um homem de estatura bem elevada, devia ter quase 2m de altura! Lembro que quando o general de Gaulle visitou o Brasil, foi preciso construir uma cama de tamanho especial, pois ele extrapolava os padrões normais. Esta cama esteve em exposição no Museu do Ipiranga, e eu tive a oportunidade de vê-la há muitos anos atrás.
O Domus foi construído entre 1679 e 1706 e, como o próprio nome sugere, é uma espécie de cúpula, formada por uma calota com telhas douradas que brilham ao sol, parecendo de ouro, com uma ponta tipo agulha no seu topo.
Tem ao todo 107m de altura. Esta estrutura, assim como a torre Eiffel, é visível de longe, fulgurante e imponente.
Sua maior atração é o túmulo com os restos mortais de Napoleão Bonaparte, herói nacional, que foi general aos 26 anos, imperador aos 33 anos, e que morreu no exílio aos 52 anos de idade. No dia 5 de maio de 1821, em Santa Helena, morria Napoleão e só sete anos depois, os franceses conseguiram autorização da Inglaterra para levar os restos mortais do imperador para a sua terra. Este retorno à França foi a ultima viagem triunfal do homem mais amado pelos franceses, mais venerado pelos seus soldados e mais temido pelos seus inimigos. Em 1840 chegou o navio trazendo seu corpo no porto marítimo de Havre, subiu pelo rio Sena até Paris, desfilou pela Avenida Campos Elíseos, passou pelo Arco do Triunfo e, finalmente terminando um exílio de 30 anos, foi colocado em 6 caixões, como um faraó egípcio. O primeiro caixão era de chapa, o segundo de mogno, o terceiro e o quarto de chumbo, o quinto de ébano e o sexto de carvalho. Este último foi colocado no grande sarcófago de pórfiro, espécie de mármore rosado, na cripta preparada sob o Domus.
A cripta é um local suntuoso, todo em mármore, com colunas belíssimas e com ricos detalhes que rodeiam o imenso caixão. É um lugar venerado pelos franceses, com filas de turistas o dia todo para visitação.
Na minha primeira visita ao Museu dos Inválidos, meu sogro estava comigo e nós já tínhamos andado o dia inteiro por todo o museu, só faltava mesmo ver o Domus. Ele estava cansado, com os pés doendo e o sapato lhe machucando. Quando eu disse que ainda faltava visitar o tumulo de Napoleão, ele esbravejou: “Que Napoleão que nada, eu quero é sentar e tirar estes malditos sapatos”!

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