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Artigo: Lembranças de Carlos Pulino

Carlos André Prado Pulino – médico oftalmologista - 19 de novembro de 2010 - 06:05

TORRE EIFFEL
Conhecer a Torre Eiffel é tão emocionante que dá pra chamar de uma aventura. Se o símbolo de Roma é o Coliseu, sem dúvida, o de Paris é a Torre Eiffel.
Na primeira viagem a Paris não conseguimos subir ao seu topo simplesmente porque as filas estavam grandes demais, imensas mesmo. Eu estava viajando com meu sogro e meu tio e, pensando no quanto a Helenice, minha mulher, ficaria encantada com esta maravilha, desisti das filas para só subir à torre em outra oportunidade com ela. Naquele momento fiz, a mim mesmo, esta promessa. Deus foi generoso conosco, e eu consegui não só cumprir a promessa como ainda tive o prazer de poder voltar por outras duas vezes a este paraíso. Assim, só na segunda visita a Paris é que a conhecemos, à noite, com um frio de 5º C e um vento que quase nos fez virar sorvete lá no alto.
Nesta viagem, estávamos em um grupo maior, onze pessoas, inclusive com amigos aqui de Cassilandia, o Dr. Carlos Geremonte e sua mulher, a enfermeira Dra. Márcia. Do mesmo modo que antes, uma imensa fila nos aguardava, tanto para comprar os ingressos como para subir na torre, e enfrentamos outra maior ainda para entrar no primeiro elevador que vai até a primeira plataforma, onde temos que tomar outro elevador para nos levar até uma segunda plataforma.
Durante esta etapa, uma coisa que nos entreteve e provocou muitas risadas foi quando uma das mulheres do grupo precisou ir ao banheiro e encontrou tudo em reformas, com guardas impedindo a entrada. Foi um sufoco para ela que, não falando nada de francês e nem de inglês, não conseguia se fazer entender pelo guarda e, o pior, não conseguia compreender a explicação dele. No final das contas, vencido por tamanha insistência, e talvez percebendo o apuro em que ela se achava, ele mesmo a conduziu até o toilete dos funcionários da torre, acabando com aquele martírio.
A ansiedade e o entusiasmo do grupo, os comentários sobre os passeios realizados durante o dia, e as risadas relembrando as brincadeiras que um tinha feito com o outro, fizeram com que a gente nem sentisse o tempo da espera. Depois da segunda plataforma, até o topo é só escada e mais escada. Vamos subindo e dando voltas, vagarosamente, espremidos na multidão de turistas, num estreito corredor.
Por um breve momento, o frio pareceu mais suave, pois o esforço da subida com todas aquelas roupas grossas deu até um pouco de calor. Mas, quando a fila parou mais tempo naquela altura em que a gente já se encontrava, pudemos sentir a força do vento e o frio de rachar. Nem enrolando os cachecóis na cabeça e no rosto, deixando somente os olhos de fora, dava para agüentar. Os lábios racharam e, ao falar, saia aquela fumaçinha da boca.
Finalmente chegando ao alto, temos uma visão indescritível de toda a cidade em 360º. Como era noite e o céu estava estrelado, toda a cidade de Paris estava aos nossos pés, numa infinidade de luzes, e uma sensação maravilhosa de poder ver tudo aquilo e por um momento imaginar ser possível abraçar aquela cidade fantástica nos invadia! O coração dispara e a constatação de estarmos tão longe de casa, num local tão diferente do nosso país, faz com que os nossos sentimentos fiquem confusos, aumentando mais ainda nossa emoção.
A torre foi construída por Gustave Eiffel, para a Exibição Universal de 1889 realizada em Paris, e também para a comemoração do centenário da Revolução Francesa. Levou dois anos para ser construída mas, apesar da sua estrutura colossal, a previsão era ela ser demolida logo após a Exibição.
Seu uso para estudos meteorológicos e o bom senso dos parisienses evitaram que tal bobagem ocorresse. Foi inaugurada pelo Príncipe de Gales, que posteriormente se tornaria o Rei Eduardo VII. Antes da construção da torre, a edificação mais alta erguida por seres humanos era a Grande Pirâmide de Quéops, no Egito, com 138m.
Mas a torre tem 300m de altura e, se somarmos a isso a sua antena, chega a um total de 320,75m! Seu peso total é de sete mil toneladas. Para dar uma mão de tinta em toda sua estrutura são gastos 40 toneladas de tinta. Ela tem 15 mil peças de aço e 1652 degraus até o topo. Felizmente, o sistema de elevadores também foi instalado, amenizando a subida para os que a visitam. O primeiro piso está a 57m do solo, o segundo fica a 115m, e o terceiro a 274m. Em cada um deles, restaurantes e bares oferecem ao turista a possibilidade de apreciar uma vista e uma paisagem únicas, pois quando o tempo está limpo, pode-se enxergar até 70km de distancia.
No topo tem uma sala com um grande vidro possibilitando observar o seu interior, onde vemos um cenário com o engenheiro Gustave Eiffel, representado por uma estátua de cera, trabalhando em seu escritório.
Ele nasceu em Dijon, na França, em 1832, formou-se em engenharia e tornou-se um importante construtor de pontes metálicas para ferrovias. Foi utilizando o domínio deste conhecimento que ele projetou a torre que leva o seu nome. Como curiosidade, vale citar que ele também foi o responsável pela estrutura interna da Estátua da Liberdade, que fica em Nova York, e que foi doada pelos franceses aos americanos.
O centro de Paris é praticamente plano e conseguimos enxergar a torre de quase todos os ângulos da cidade, mas a visão que considero a mais bonita é a do Trocadero, praça que leva o nome de uma batalha vencida pelos franceses no sul da Espanha. A praça é alta, construída sobre um morro, e de lá vemos a torre do alto, rodeada por seus jardins e com toda a sua imponência.
Vale a pena conhece-la deste ângulo. Era dezembro de 1998 e havia um painel eletrônico instalado no alto da torre indicando quantos dias faltavam para a virada do século 2000. Lembro que o painel marcava 365 dias, pois estávamos no dia 31 de dezembro. Nesta época, a Europa toda estava em reforma: prédios, igrejas, monumentos todos com pessoas limpando suas fachadas, pintando e dando brilho nos metais, aprontando tudo para a virada do século, inclusive a própria torre estava sendo pintada.
Daqui, após a visita à torre, caminhamos até a Avenida Champs Elysées, onde comemoramos o rompimento do Ano Novo do jeito tradicional com que milhares de turistas e franceses comemoram: espocando e bebendo champanhe em plena rua, num clima festivo e alegre, confraternizando com várias nacionalidades ao mesmo tempo. Foi um fim de ano inesquecível!

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