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Artigo: Homens sabem pouco sobre métodos contraceptivos
Geralmente, questões relacionadas ao planejamento familiar cabem à população feminina. Os homens, apesar de exercerem uma grande influência sobre suas companheiras, principalmente em comunidades do interior do país, ainda relegam às mulheres decisões que dizem respeito à reprodução. Por isso, Danilo Cerqueira e José Tavares, da Universidade Federal da Bahia, resolveram analisar qual o grau de conhecimento de 179 homens de um povoado carente e rural da região do semi-árido da Bahia sobre os diferentes métodos contraceptivos e a freqüência de utilização dos mesmos.
De acordo com artigo publicado na edição de março/abril de 2004 dos Cadernos de Saúde Pública, todos os entrevistados tinham idade superior a 17 anos e foram submetidos a uma entrevista individual. Segundo os pesquisadores, a média de idade dos entrevistados foi de 40 anos, a maioria residia no povoado pelo tempo médio de 31 anos e 3 meses e tinha como fonte de renda principal atividades que não necessitam de qualificação formal, como lavoura e biscate. Além disso, cerca de 40% deles eram analfabetos e a maior parte (74,9%) tinha relacionamento sexual fixo. O número médio de filhos foi de 4,1.
Através do questionário, a equipe constatou que a maior parte dos homens atribuiu a responsabilidade por educar e cuidar dos filhos ao casal. No entanto, 30% acreditavam que essa responsabilidade era única e exclusivamente feminina. Quanto à preocupação com a prevenção de gravidez indesejada, foi referida como de responsabilidade do casal por 39,7%, da mulher por 28,5% e do homem por 26,8% dos entrevistados, afirmam os pesquisadores no artigo.
No que diz respeito ao conhecimento dos entrevistados sobre os métodos contraceptivos, a equipe observou que o conhecimento de pelo menos um método contraceptivo foi elevado, sendo as principais fontes de informação os meios de comunicação de massa. De acordo com os pesquisadores, o método contraceptivo mais freqüentemente referido foi a camisinha, seguido da pílula anticoncepcional e da laqueadura tubária. Os métodos menos conhecidos foram o diafragma (22,9%), o creme vaginal (35,8%) e o DIU (46,4%). O coito interrompido e a vasectomia também foram métodos referidos pelos homens.
No entanto, os pesquisadores verificaram que o conhecimento sobre os mecanismos de ação dos métodos contraceptivos foi pequeno: somente os mecanismos da camisinha (64,2%) e do coito interrompido (60,9%) são conhecidos pela maioria dos entrevistados. O conhecimento sobre os mecanismos de ação dos demais métodos foi inferior a 4,0%. Além disso, apenas metade dos homens referiu utilizar sempre algum método sexual. Nesses casos, o mais comum era a camisinha e a escolha, na maioria das vezes, partia do homem.
Dessa forma, os cientistas alertam para o fato de pouco mais de um terço dos entrevistados não estar utilizando nenhum método contraceptivo, o que evidencia, segundo eles, a necessidade de atuação dos Programas de Planejamento Familiar na busca de oferecer aos casais informações necessárias sobre os diversos métodos e as conseqüências de sua utilização.
Agência Notisa (jornalismo científico - scientific journalism)