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Geral

Artigo: Homenagem a Luísa

27 de julho de 2010 - 16:50

Não há ditado popular mais verdadeiro que o que afirma que por trás de todo grande homem sempre há uma grande mulher. Não sei se sou exatamente um grande homem, nem se seria apropriado eu mesmo fazer essa avaliação, isso só o tempo fará vir a lume com clareza, mas sem sombra de dúvida minha saudosa esposa soube ser a grande mulher que um homem público precisa ter a seu lado.

Não é à toa que a escritura sagrada afirma que \"a mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos\", (Provérbios 14:1); Luísa foi tão sábia que não só soube educar bem nossos filhos, administrar nosso lar e ser uma companheira zelosa, mas soube ser primeira-dama no mais relevante significado que a palavra possa ter.

Mesmo tendo aversão à política “partidária”, soube ser uma política hábil como poucos. Foi gentil no trato, sem ser servil; disciplinada, sem ser severa; dura, quando necessário, sem ser desleal; sincera, sem ser deselegante.
À frente da Secretaria do Bem-estar Social, sem receber remuneração alguma, faz-se mister ressaltar, surpreendeu-me continuamente; algumas das iniciativas que marcaram a minha administração, enquanto prefeito, partiram dela, como a distribuição regular de cestas básicas, a criação da guarda – mirim, a reativação da banda e o bolo de aniversário de nossa cidade.

Ela não se contentou em fazer somente aquilo que a prefeitura podia oferecer a sua pasta, quando não havia verba o suficiente para tocar seus projetos, ela corria atrás delas, firmou convênios com entidades filantrópicas, angariou doações de empresários, buscou recursos em Campo Grande e em Brasília. Certa vez fui surpreendido com um carro prestando serviços para a Secretaria do Bem-estar, intrigado indaguei-a sobre a origem daquele veículo ao que da maneira mais natural possível respondeu-me que havia conseguido a doação daquele carro junto ao governo do Estado!

Com visão de longo prazo, não se contentava em matar a fome das famílias que a procuravam, dizia que não bastava dar o peixe, era preciso ensinar a pescar, pois as pessoas precisam tanto de dignidade quanto de comida! Então promoveu uma série de cursos profissionalizantes. Só tive conhecimento de vários deles quando da entrega dos certificados, pois solidária, mas dedicada como era, raramente pedia-me recursos extras, pois sabia que a prefeitura não tinha de onde tirá-los, mas nem por isso acomodou-se e assistiu impassível ao sofrimento dos mais humildes, ao contrário, criou recursos onde não havia.

Apesar do imenso vazio deixado, da dor imensurável de saber que ao voltar para casa não terei o acalento de sua voz terna envolvendo-me em um sentimento de paz inexplicável, agradeço a Deus todos os dias por ter me dado o privilégio de tê-la tido por companheira de jornada durante 40 anos!

Nossa sociedade machista enaltece tanto os homens, muitos que sequer mereceriam ser lembrados, mas se esquece de dar o devido reconhecimento às mulheres, que tornam o mundo mais humano e a vida mais doce de ser vivida. Sinto muito por não ter prestado este depoimento antes, que o meu exemplo sirva de lição.

Luizinho Tenório




NR: hoje faz 30 dias que Luísa Tenório morreu.

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