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Artigo: Fim da dívida. E agora?

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - 26 de fevereiro de 2008 - 08:56

Pela primeira vez na história, de 508 anos, o Brasil é credor e não devedor no mercado externo. O estratégico anúncio, feito pelo Banco Central na última sexta-feira, faz os governistas festejarem. Mas, para o povo, essa alegria gera uma grande interrogação. Os brasileiros, de todas as gerações, sempre ouviram os pessimistas falarem que a dívida externa era impagável. O próprio presidente Lula e outros governistas, quando eram da oposição, acenavam isso como bandeira e, agora, vêm com essa notícia. Tomara que o povo também possa comemorar!

De escravos econômicos da Inglaterra – que financiava Portugal desde o Século XVII – passamos a dependentes econômicos dos Estados Unidos e de outros países europeus. Crescemos e vivemos toda a vida ouvindo os políticos de oposição criticando o endividamento, defendendo a suspensão do pagamento da dívida e pedindo o reinvestimento dos recursos na economia nacional. Dezenas, talvez centenas de teses foram produzidas nesse sentido e embalaram principalmente as campanhas eleitorais.

Agora, ao ver que o país foi capaz de, com a infraestrutura criada através dos empréstimos – eles construíram indústrias, hidrelétricas, hospitais, escolas, estradas, saneamento básico, etc – pagar sua dívida externa, somos obrigados a pensar que os governantes do passado, que fizeram o endividamento, devem ter sido homens de visão, e não eram tão bandidos ou despreparados quanto se falava.

Mas o importante, que o povo deve estar querendo saber, é o quê vai mudar a vida de cada um, agora, que o Brasil não tem mais aquela “astronômica dívida externa”. Não tendo mais de pagar prestações e juros, o governo vai investir na economia e gerar empregos? Vai cuidar para não faltar médicos, equipamentos e remédios nos hospitais e postos de saúde? Vai resolver o caos da Educação e da Segurança Pública? Esse é o formato que os governantes de hoje defendiam implacavelmente quando eram da oposição. Nada mais lógico pensar que agora farão tudo aquilo que pregavam quando não tinham o poder.

De anúncios ufanistas e cinematográficos, o povo está cheio. Recentemente o governo festejou a conquista da autonomia no petróleo, mas encher o tanque do carro continuou tão difícil quanto antes. Falou das grandes descobertas de petróleo e gás na Bacia de Santos, mas isso só para daqui alguns anos. E tem dito outras coisas positivas, que dão mídia, mas não mudam a vida do cidadão.

Vamos esperar que o nocaute ao dragão da dívida externa seja concreto e capaz de melhorar, pelo menos um pouco, a vida da população. Não fique restrito apenas aos fantasiosos corredores palacianos, às estatísticas de sustentação político-econômica do governo e... às próximas eleições...



Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

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