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Artigo: É possível sempre perdoar?

Terezinha Tagliaferro, de Malta - 23 de novembro de 2011 - 07:38

Vou lhe contar uma historia e voce podera refletir sobre o assunto.

Marta trabalha num escritorio de advocacia com seu marido.Todos os dias vem a casa ao meio-dia porque deve buscar sua filha na escola.Sempre apressada, estaciona o carro perto do portao e esta pra entrar, quando uma senhora grita seu nome.Ela para assustada, pois nao a conhece.A senhora lhe diz: “Sou sua mae e preciso falar com voce.”

Marta, aquelas palavras nao desejava jamais ouvir.E uma grande ferida que faz de tudo para esquecer.Sendo assim, sem saber nem como agir, fecha o portao e entra em casa.Se debruça na cama e deixa o pranto rolar,enquanto todo seu passado terrivel retorna em sua mente, tanto que até perdeu noçao do tempo, esquecendo de buscar a filha.

Mas o que havia acontecido de tao triste na sua vida?

Pois bem, D.Olga, a mae de Marta, quando estudante se apaixonou por um rapaz da sua classe, que desde muito jovém seguia a carreira artistica, de cantor. Os pais de Olga achando que este casamento nao daria certo, devido justamente ao futuro do rapaz faz com que tudo termine. Para que a filha o esqueça definitivamente a manda para um colégio interno, distante da cidade.

Os anos passam, ela casa-se com um outro.

Um certo dia, caminhando pelas ruas, ela ve a propaganda de um “ show”, que sera dado na cidade.Prestando mais atençao, ela observa que é justamente o conjunto do ex-namorado que ira se exibir ali.Seu coraçao bate forte.Vai daqui e dali, arruma um jeito ( quando se quer, pra tudo se da um jeitinho) de encontra-lo.

Alguns dias depois ela diz ao marido que nao pode continuar enganando-o, que ela ainda ama o outro , abandona o marido com a filha de apenas 2 aninhos e vai embora.

Gira o mundo em companhia do outro, devido a sua profissao, até que um dia ele se adoece gravemente e vem a falecer.

Durante essse periodo, Marta continua a viver com o pai, que morando perto dos avos, estes desempenham grande funçao na educaçao de Marta.

Como o tempo nao para, nem mesmo pra saber se nos estamos bem ou nao, ela foi também crescendo, faz a universidade, casa-se.Tudo parece normal.

Dizem que o tempo se encarrega de cicatrizar qualquer ferida, mas nao neste caso. Nada cancela a dor, nada substitue a lacuna provocada pela ausencia de uma mae.E o direito mais sagrado que uma cirança possue.E justo por este motivo que meu coraçao chora ao conhecer a historia das 3 crianças que minha filha e meu genro estao cuidando, embora, graças a Deus eles estao vivendo com conforto e com tanto carinho.A dor que a gente sente é em pensar que tem tantos na mesma situaçao e que nao tiveram a oportunidade de encontrar uma casa que os acolhe.

Voltamos a nossa historia.

E eis que agora, apos todos esses anos, a mae retorna e deseja fazer parte da vida da filha. Deseja ? Nao. Exige, porque apos tanto insistencia e nao obtendo resultado, D.Olga a leva diante de um tribunal.

Olha, foi uma discussao muito triste. Marta,nem sequer a chamava de “mae”, mas a chamava pelo nome.So por ai, voce pode imaginar o sentimento dela.

A mae chorava e dizia que a seguiu durante toda a vida, de longe.Ela disse que no dia da formatura, no dia do casamento, ela estava presente,sempre de longe....e pedia desculpas por tudo.

Marta dizia que nao queria saber de nada, que estava bem como estava,que ela deveria ter pensado antes nas consequencias das suas atitudes.

O juiz decidiu que Marta deveria aceitar a mae.

Entao eu fiquei pensando: O juiz pode decidir assim, mas, e como fica com os sentimentos?

Sentimentos é uma coisa séria.Entao alguém pode me obrigar a amar uma pessoa? Entao, alguém pode apagar o meu sofrimento, usando apenas uma sentença?

Nao acredito que a estrada seja esta porque amor nao se exige, nao se compra, mas se conquista.Digo mais, pra conquistar, leva uma vida, porque o elo que liga o amor de “mae e filhos” é uma coisa grandiosa , que se forma com o tempo, composto de tantas minucias no decorrer dos dias,de altos e baixos... de lagrimas e sorrisos.... de momentos...

Voces ja tiveram a oportunidade de visitar uma gruta e ver a formaçao de “ estalatitas”? Pois é, as estalatitas sao formadas das gotas que correm da propria rocha e se deposita na extremidade da gota anterior e vao crescendo com o decorrer dos anos e depois quando bate um raio de luz ,como elas sao transparentes, se iluminam apresentando um espetaculo magnifico.E a tudo isto que eu comparo o “ amor de mae”.Reflete um pouco....

Infelizmente, neste sentido nada tem retorno, é um caminho que se percorre juntas uma vez....

O amor de mae nao é exigencia, é simplesmente doaçao.

Nesta historia, do meu ponto de vista so cabe aquela sentença que todos nos conhecemos: “Cada um colhe aquilo que plantou”.

Quero acrescentar aqui, que esta é a reaçao de Marta, porém, existe outras historias,na qual a pessoa abandonada reage completamente diferente, isto é, consegue aceitar e fica feliz com o retorno da mae.Consegue entender que mae também tem suas fraquezas e merece perdao.

Outras historias, entao,a pessoa consegue conviver com a realidade e de um modo lento, vao caminhando lado a lado, sem nada exigir.Ai, o tempo se encarrea do desfecho.

Cada pessoa, por ser diferente, age e reage de modos diversos.



Terezinha de Jesus Tagliaferro.

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