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Artigo de Rogério Tenório de Moura

Rogério Tenório de Moura - 27 de outubro de 2008 - 04:36

CONCEPÇÕES TEÓRICAS DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

O processo de ensino-aprendizagem das Línguas Estrangeiras devem se pautar na psicologia da aprendizagem, explicitando, assim, o fenômeno da aprendizagem lingüística. As principais visões são: a behaviorista, a cognitivista e a sociointeracionista. Vejamos cada uma delas.
 Visão Behaviorista compreende a atividade lingüística com um processo de automação de novos hábitos lingüísticos. Essa visão na sala de aula resulta em metodologias que enfatizam exercícios de repetição e substituição. Se a aprendizagem não ocorre adequadamente os erros deve ser imediatamente eliminados para que o processo como um todo não seja afetado. É nesse sentido que se costuma dizer que na visão behaviorista a aprendizagem é associada à uma pedagogia corretiva.
 Visão Cognitivista concentra o foco do ensino no aluno, ou seja, nas estratégias que o mesmo utiliza para construir sua aprendizagem. Ao ser exposto a uma língua estrangeira o aluno elabora hipóteses sobre a construção dessa língua com base no conhecimento de sua língua materna, esse processo se chama transferência lingüística. Contrariamente a visão behaviorista os erros passam a ser vistos como parte do processo. Hipercorreções do tipo “eu fazi” na verdade são um bom sinal, pois indicam que o raciocínio do individuo segue um seqüência lógica de estruturação afinal nós dizemos “eu comi” o tempo todo, logo a construção “eu fazi” parece lógica.
 Visão Sociointeracionista vê o aprendizado de uma língua como uma forma de co-participação social, isto é, participação com alguém em contextos de ação. Esse processo é mediado por meio da interação lingüística ou outros meios simbólicos, como o uso do computador. A aprendizagem é concebida como ocorrendo no que se denomina zona de conhecimento proximal, espaço esse caracterizado pela interação entre o parceiro mais competente (um colega mais experiente ou um professor) e o aluno. O conhecimento vai se construir encima do conhecimento e visão de mundo do parceiro mais deve se sentir tranqüilo o suficiente para se expor.
A construção da interação em sala de aula tem sido explicada através de uma construção típica: iniciação, resposta e avaliação, sendo portanto a avaliação assimétrica. O que o aluno tem a fazer é responder ao professor o que este espera para que receba um avaliação positiva. Um exemplo disto é, por exemplo, o ensino do present continuous, o professor que vincula esse tempo verbal a marca adverbial prepara o aluno para responder uma bateria de exercícios que na prática não lhe significarão nada.
O professor tem que aprender a sair de cena, a deixar que os espaços de fala sejam preenchidos pelos alunos, o educando tem que ter a liberdade de indagar, questionar, realizar transferências lingüísticas, errar, pois só esgotando as possibilidades poderá ter confiança para se assumir como um falante da língua estudada.
É importante salientar que o iniciante nos estudos de língua estrangeira está passando por momentos de transformação intensa em sua vida, está entrando na adolescência, isto significa uma série de indagações questionamentos, de se querer saber o porquê de tudo, o que é algo extremamente saudável, pois cidadãos mais críticos são mais conscientes e participativos, portanto faz-se necessário que o professor tenha claro em sua mente o porquê de se ensinar uma língua estrangeira e cada um de seus conteúdos para que no momento em que for questionado, e vai ser, saiba dar uma resposta convincente ao seu aluno, pois a verdade é que só aprendemos, de fato, o que nos faz sentido, o que mostra te uma razão de ser. Se essa abertura para o questionamento, para que o educando possa mostrar que pensa, que é um ser com existência própria, que tem opinião, não for respeitada dificilmente o estudo de uma segunda língua será algo prazeroso, portanto inviabilizando o aprendizado, pois só se aprende querendo e uma língua estrangeira só se aprende querendo muito. Só se digere algo que a boca aceitou engolir!
Outro aspecto importante a ser observado pelo professor de língua estrangeira é a disposição dos alunos em sala de aula, a forma como esta está organizada. È muito comum nas salas de aula brasileiras o uso da metáfora do ônibus. Todo mundo enfileirado, olhando para a lousa, de preferência sem olhar para os lados! Ora é óbvio que o mero arranjo da disposição espacial não é o suficiente para garantir uma melhor qualidade de aprendizagem, mas não se pode negar sua importância, ninguém pode se sentir à vontade o suficiente para uma conversa “informal” em uma segunda língua se o ambiente não favorecer isto. Há que se estabelecer uma democracia comunicativa em que todos possam falar de frente um para o outro, expressando-se livremente, sentindo-se (mesmo que não sejam) iguais lingüisticamente.
Lembrando que o importante é a clareza sempre! O educando deve se sentir um cúmplice no processo ensino-aprendizagem, ele deve saber o que ele está estudando, o porquê está estudando, quais os motivos de se organizar a sala desta e não daquela maneira em determinados tipos de atividade, enfim todas as atividades têm de ter significado claro para que o aluno se sinta o mais à vontade e co-participante possível.

*Rogério Tenório de Moura é licenciado em Letras pela UEMS, especialista em Didática Geral e em Psicopedagogia pelas FIC; vice-presidente do SISEC (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Cassilândia).

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