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Artigo de Nasan Xantox: "Mais simples impossível"

Nelson Affonso - 27 de abril de 2008 - 07:57

Nossa educação é sempre observar os efeitos, para chegar às causas.
Com este comportamento pude entender que “inteligência e educação” realmente nada têm a ver com nível de estudo, posição social e sucesso nos negócios. Aprendi o mais importante: a respeitar os mais simples, os menos cultos, aqueles que os mais debochados chamam de ignorantes.
Na construção de uma casa, ainda na minha adolescência, resolvi ajudar o pedreiro contratado de meu pai. Ele, o pedreiro, era analfabeto e tinha dificuldade com os números (até aí nada de novo). Procurei auxiliá-lo no possível com os levantamentos de níveis; paralelismo no recuo lateral e frontal do terreno; compra de materiais; enfim, auxiliei em tudo na obra. Quando já estava pronto o contra-piso, as paredes até à altura desejada, era o momento do complemento de parede (aquele característico triângulo) para sustentação da cumieira.
Sem experiência nenhuma nesta empreitada, comecei a fazer minha “aritmética”, considerando a altura necessária para o vão (distância entre paredes), com vinte e cinco por cento de inclinação (queda) no telhado.
De posse de uma folha com o resultado, todo orgulhoso procurei o pedreiro e quis explicar como encontrei a altura necessária, tentando mostrar toda minha sabedoria e como cheguei ao resultado.
Foi aí que tive uma grande surpresa. Quando argumentei, expliquei de forma calma e simples, ele somente observou calado e não disse nada.
Pediu “licença”, pegou uma linha. Pediu-me, “por favor”, que segurasse em uma das pontas. Esticou de uma parede à outra. Voltou com linha presa na distância percorrida e disse:
- “Oia! Eu pego a linha e estico de parede a parede”. (Já havia esticado).
- Dobro no meio. (E dobrou ali na minha frente).
- “Ai, eu dobro tudo outra veis”. (Realmente dobrou).
Pegou o feixe de linhas esticadas de uma mão a outra e me apresentou:
- “Tá aqui a artura do cume do espigão do teiado, moço”!
Mais simples? Impossível!

Nasan Xantox

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