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Artigo de Eule José de Oliveira sobre usina no Salto

Eule José de Oliveira - 25 de abril de 2008 - 10:21

O QUE ISSO TEM A VER COM DESENVOLVIMENTO LOCAL?
O QUE ISSO TEM A VER COM O QUE DE DL?

Eule José de Oliveira

Como início, há a necessidade de se entender o que significa Desenvolvimento e também local, e também alguns princípios de conceitos de desenvolvimento local como: espaço, território, comunidade, identidade, solidariedade, potencialidades e agentes. Todos os subsídios aqui enfocados vêm do “Novo dicionário Aurélio”, no qual estaremos norteando este enfoque.

• Desenvolvimento “1. Ato ou efeito de desenvolver (...). 2. Adiantamento, crescimento, aumento, progresso. 3. Estágio econômico, social e político de uma comunidade, caracterizado por altos índices de rendimento dos fatores de produção, i e, os recursos naturais, o capital e o rebanho”.

• Local - Adjetivo “Relativo ou pertencente a determinado lugar (...)” ou “Circunscrito ou limitado a uma região (...)” e, como substantivo, “lugar, sítio ou ponto, referido a um fato (...)”.

• Espaço “Distância entre dois pontos, ou área ou o volume entre limites determinados (...)” e “lugar mais ou menos bem delimitado, cuja área pode conter alguma coisa (...)”.

• Território “1. Extensão considerável de terra; torrão. 2. A área dum país, província, cidade, etc.”. 4. (...) Base geográfica do estado, sobre a qual exerce ele a sua soberania, e que abrange o solo, rios, lagos, mares interiores, águas adjacentes, golfos, baías e portos [e] 5. (...) A parte juridicamente atribuída a cada estado sobre os rios, lagos e mares contíguos, e bem assim o espaço aéreo que corresponde ao território, até a altura determinada pelas necessidades da polícia e segurança do país, devendo-se, ainda considerar como parte do território os navios mercantes em alto mar ou em águas nacionais”.

• Comunidade “Qualquer conjunto populacional considerado como um todo, em virtude de aspectos geográficos, econômicos e/ou culturais comuns (...)” ou então, “Grupo de pessoas considerado, dentro de uma formação social complexa, em suas características específicas e individualizantes (...)”.

• Identidade “2. Conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa (...)” e “5. Mat. Relação de igualdade válida para todos os valores das variáveis envolvidas”.

• Potencialidade “1. Qualidade ou caráter de potencial”.

• Agente “1. Que opera, agencia, age, (...) 4. Aquele que trata de negócio por conta alheia. (...) 9. Autor, causador, promotor. (...) 11. Motor, propulsor, impulsor (...)”.

Todos os princípios acima abordados são de fundamental importância ao desenvolvimento local, mas destacaremos a solidariedade, que é medula espinhal motriz; e educação, sistema respiratório-circulatório, que se alcança o desenvolvimento local, endógeno de uma comunidade, como uma das respostas da abordagem deste título.
Solidariedade conforme “Novo dicionário Aurélio”:

“2. Laço ou vínculo recíproco de pessoas ou coisas independentes. 3. Adesão ou apoio à causa, empresa, princípio, etc., de outrem. 4. Sentido moral que vincula o indivíduo à vida, aos interesses e às responsabilidades dum grupo social, duma nação ou da própria humanidade. 5. Relação de responsabilidades entre pessoas unidas por interesses comuns, de maneira que cada elemento do grupo se sinta na obrigação moral de apoiar o outro (...)”.

Então podemos afirmar que solidariedade é verdadeiramente um estado de ânimo das pessoas da comunidade, onde elas se mobilizam e cooperam, para solução dos problemas coletivos e/ou individuais. Na solidariedade, à vontade, a efetividade e afetividade, sempre a caminham juntas, dando a formação do estado de ânimo do grupo ou comunidade.
Dentro da solidariedade encontramos a coesão, que caracteriza o real estado de mobilização e cooperação de um grupo, podendo ser de forma:
-Coesão gregária que acontece como impulsos instintivos, de autopreservação;
-Coesão solidária, que resulta nos laços de mobilização e cooperação.
A solidariedade como coesão é um fator preponderante no desenvolvimento local, pois as pessoas individuais e grupalmente se educam para o aumento quantitativo e qualitativo em ambas, sendo que a educação de pessoas e grupos comunitários para a solidariedade e a respectiva coesão, é um aspecto fundamental para a dinâmica do desenvolvimento local.
A educação sendo um sistema respiratório-circulatório do desenvolvimento local, e é através da educação que a comunidade se informa, atualiza e impregnam os hábitos culturais, no tocante a pesquisa e discussão de novas formas para agregar e cooperar uma comunidade. Ao falar de educação temos que enfocar sobre a cultura, que é um processo acumulativo, que resulta de toda experiência história das gerações anteriores, esse processo limita ou estimula a ação criativa do indivíduo.
Quando transformamos o processo educativo em atitude de imposição, corremos sério risco. Muitas vezes a atitude impositiva parece uma solução mais rápida e simples. Contudo, o ato de educar deixa marcas duradouras e transmite segurança para comunidade.
Então se pode afirmar que solidariedade e educação sempre caminharão juntas, pois uma complementa a outra.
Para que se possa entender estes enfoques acima, há necessidade de um breve toque sobre individualismo moderno, que é um grande mal vivido pelas comunidades e/ou grupos deste século.
Um fato inegável é que nós vivemos numa sociedade em que o individualismo é a filosofia de vida dominante. Isso está querendo dizer que, na prática, a lei que impera para valer é aquela que diz: “Cada um para si e Deus para todos”.
Na verdade, os grupos e/ou comunidades então habituados a essa maneira de viver que, muitas vezes, não se para questioná-la. Será que as coisas não poderiam ser diferentes? Será que as pessoas não viveriam melhores de outra forma?
O ser humano é um animal social. Sendo uma forma de vida em grupo. Em qualquer grupo, ninguém é auto-suficiente. Ao contrário, cada um depende dos outros. Dessa maneira, as pessoas deveriam viver olhando para as outras pessoas como companheiras. “Nós precisamos de vocês e vocês precisam de nós”.
Entretanto, não é nada disso o que acontece. Ao invés de se ver o outro como companheiro, vê-se o outro como adversário. Ao invés de se lutar juntos pela vida, se lutam uns contra os outros.
Assim, a sociedade, como já afirmou alguém, “foi atomizada, ouvindo-se agora, em conseqüência e pela primeira vez, do homem massa na economia industrial de nossa era”. Isso significa que nós não somos mais capazes de enxergar os grupos, os conjuntos das pessoas, mas somente os indivíduos, os “átomos” que formam a sociedade.
Para que se tenha uma visão geral, sobre desenvolvimento local, será necessário tratarmos o que não é desenvolvimento local e o que é desenvolvimento para o local, só assim teremos uma visão sobre o que desenvolvimento local e endógeno.
Não é desenvolvimento local a criação de empreendimento a que se atribui a qualificação “de desenvolvimento”, por gerar empregos e expectativa de impostos e dinheiro, mas o local é apenas como sede física. Esse empreendimento só permanecerá neste local enquanto tiver tendo lucros, pois a partir do momento que essa empresa ver que os negócios não estão sendo compensadores, ela vai embora dali, ou seja, procura outro local onde seus investimentos sejam novamente compensadores.
Para a comunidade-localidade somente fica o fantasma da destruição, muitas vezes esses prejuízos são irreparáveis na fauna e flora, e uma enorme frustração da população. Para que seja reparado todo esse dano, somente o tempo ou um grande investimento daquela comunidade.
Desenvolvimento local não é desenvolvimento para o local, a idéia de “desenvolvimento” como melhoria de infra-estrutura das comunidades, gera atividade e efeitos benéficos às comunidades e ao ecossistema locais, mas sempre a maneira bumerangue: nasce das instâncias promotoras, vai até as comunidades, mas volta às instancias promotoras. As melhorias decorrentes de infra-estrutura de uma comunidade como água, luz, telefone, asfalto esgoto etc., para muitos é considerado desenvolvimento local, mas grande parte da comunidade-localidade é forçada a deixar a localidade, pois estes melhoramentos não foram tratados com a comunidade, ou seja, não ouviram as reais necessidades das pessoas.
Desenvolvimento local é quanto se brota dentro da comunidade, sendo de forma endógena e efetiva participação da comunidade-localidade. O crescimento endógeno é de dupla acepção, sendo input ou de fora para dentro: com a metabolização dos conhecimentos adquiridos e output ou de dentro para fora: com a colocação das capacidades dos componentes do grupo. E ao mesmo tempo democratizante, democratizador, integrante e integrador, ao conjunto de todos estes fatores acima, vêm à auto-sutentabilidade do desenvolvimento local.

CONCLUSÃO
O que se pode concluir destes pequenos enfoques sobre DL, é que eles somente vêm corroborar para um verdadeiro Desenvolvimento Local de uma comunidade-localidade.

BIBLIOGRAFIA

1. ÁVILA, Vicente Fideles de. Cultura, desenvolvimento local, solidariedade e educação. Campo Grande-MS: UCDB/www.ucdb.Br/coloquio, 2003.

2. ÁVILA, Vicente Fideles de. Formação educacional em desenvolvimento local: relato de estudo em grupo e análise de conceitos. Campo Grande-MS: Ed. UCDB, 2000.

3. ELIZALDE, Antonio, Desarollo a escala humana: Conceitos y experiências. In Interações: Interações – Revista Internacional de Desenvolvimento Local (1), set 2000, p.51-62.

4. VERHELST, Thierry. O direito à diferença. Petrópolis: Vozes, 1992.


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