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Artigo: Críticas à Administração Pública

Bruna Girotto - 05 de dezembro de 2011 - 16:57

Sou adepta da teoria de que ninguém gosta de ser criticado. Essa história de que crítica construtiva é boa, não passa de balela. No fundo, todos queremos receber elogios. Ao criticar, você está apontando algo que não concorda e ninguém gosta de saber disso.

Fazer jornalismo é uma aventura diária. Os cidadãos utilizam a imprensa e clamam para que os problemas que os cercam sejam vistos. A imprensa é o canal entre Administrador e administrado, é voz do cidadão que elegeu aquele político para legislar ou administrar o Município, o Estado ou o Brasil.

Mas, aí é que começam os problemas. Depois que são eleitos, muitos esquecem que a partir daquele instante os cidadãos que os elegeram irão fiscalizar, cobrar e reclamar. E também vão elogiar e aplaudir. Mas não a pessoa física, e sim a Administração Pública.

Quando um buraco é tampado, a comunidade aplaude desde o servidor que estava com a pá na mão, o vereador que fiscalizou, o secretário de obras que ordenou até chegar ao Prefeito que determinou que o ato fosse praticado. E quando não é tampado? A ordem é inversa. Isso porque, depende da cobrança do Legislativo e autorização do Executivo para que o Secretário determine ao Chefe do Setor que ordene ao servidor para pegar a pá e executar o serviço.

A crítica é feita, repito, à Administração, ao chefe do Executivo e ao Legislativo. Criticar a pessoa física, que está no cargo, é bem diferente.

Posso citar um exemplo dado na minha monografia de Direito, que teve como tema \\\"Os conflitos entre os Direitos de Personalidade e a Liberdade de Imprensa\\\". A imprensa deve observar os limites existentes entre os direitos de personalidade do indivíduo ao informar.

Um meio de comunicação que publica uma foto em que um político está saindo de um motel com uma amante deve ser responsabilizado porque entrou na esfera individual, na vida do cidadão. O fato de ele ter saído do motel em uma relação extraconjugal não tem nada a ver com o mandato assumido.

Se, no entanto, este mesmo meio de comunicação publicar uma foto do mesmo político saindo do motel e recebendo propina da amante, o fato será diverso. A amante ficará em segundo plano. Por óbvio, fará parte da notícia, mas o principal, o que realmente interessa à coletividade é a divulgação do ilícito cometido pelo político, no caso, o recebimento de dinheiro em razão do cargo para algum tipo de favorecimento pessoal.

No dia-a-dia, os eleitores escrevem para os sites, ligam em rádios e jornais, e querem que os jornalistas sejam as suas vozes.

Quero fazer um desafio. Desde 1984, qual prefeito ou vereador de Cassilândia teve sua vida privada devassada pelo site Cassilândia News ou pela Rádio Patriarca? Quando o jornalismo feito por estes dois meios de comunicação deixou de criticar os atos administrativos e passou a dar pitacos na vida particular do político? E estou incluindo o conhecido \\\"Espaço do Leitor\\\". Quando recebemos e-mails ofensivos ou que denigram qualquer pessoa, deletamos.

O erro está em achar que a crítica à Administração é critica à pessoa. Reforço que não é. Criticar a pessoa é entrar em detalhes sobre vida privada, que não dizem respeito à Administração Pública.

Todos somos humanos e sei o quanto é difícil distinguir a pessoa do cargo. A gente não gosta de ser criticado, muito menos nossos amigos e familiares. Porque sabemos da luta diária dos nossos entes queridos. Mas, o cidadão que decide ser político sabe dessas consequências. Fazer política é ter uma situação e uma oposição. Isso em qualquer canto do país.

Administração Pública é assim: entra quem quer. Os atos praticados serão elogiados por uns e criticados por outros. Se nem Jesus agradou a todos, quem dirá um Vereador, um Prefeito, um Senador, um Deputado, uma Presidente ou um meio de comunicação.

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