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Artigo: CPI do amor e do sexo..., por Xico Sá

Xico Sá - 01 de junho de 2011 - 17:38

Uma amiga, senhorita F., entrou na caixa postal do correio eletrônico do marido. Ih, lá vem a mesmíssima história, phodeu com ph, já vi esse legítimo Hitchcock dos lares doces lares mil vezes, esse Stephen King do amor e da sorte, esse ato bestialmente repetitivo e sempre monstruoso.

Pra completar, a senhorita F. deu uma sherlockadazinha também no celula, de leve, enquanto o traste-costela via lesadamente o Fla-Flu de domingo.

Um desastre.

Entre cantadas e semi-cantadas ou apenas bobagens virtuais, leros, flertes, lirismos avulsos e outras gracitas..., a amiga entrou em desespero, gritou, berrou, imitou o quadro do Munch, discutiu a relação por uma semana, e quase acaba com aquela vida sob o mesmo teto até então reconhecida no seu grupo de amizade como exemplar, honesta e íntegra. Casal invejável meeeeesssmo.

O cabrón tinha algum caso para valer? Não. Algum namorico mais a sério? Nada. Havia transado com alguém e comentava que foi bom, meu bem?, essas coisas?! Nécaras. Só vadiagem internética, tipo a polícia prender no carnaval por embriaguez e desordem,saca?

Tudo espuma flutuante, sem lastro de verdade, garrafas atiradas aos mares da virtualidade e suas sereias ulyssianas.

Mas foi o bastante para uma baita crise. Quase uma ruptura. Além de ter deixado a xícara amorosa trincada para os próximos cafés com torradas e aquelas coisas lights que as moças tanto gostam.

Por estas e por outras é que não é nada recomendável quebrar o sigilo postal do companheiro ou da fofolete.
Ora, quem, entre nós, resistiria a meia hora de quebra do sigilo amoroso ou sexual?

Como na arrecadação de recursos para campanhas eleitorais, todo mundo, até mesmo no mais escondido dos conventos de devotas beneditinas, já teve o seu \"caixa 2\" do desejo. Em pensamentos, atos ou omissões, tanto faz.

Em telefonemas, emails ou declarações bêbadas na madruga. No MSN, entonces, ave palavra e más intenções!

Ninguém resiste a meia hora de quebra de sigilo. No amor, somos todos, em alguma ocasião, corruptos. Em maior ou menor grau, todos damos nossas pisadas ou nossas phodas platônicas.

Menos naquela hora em que a paixão por alguém nos toma 100% do cérebro e a febre amorosa é capaz de quebrar termômetro. Depois passa, é o que dizem, inclusive a ciência, que dá um prazo de validade às paixões de três meses... ou seis meses, menos de um ano, com certeza –preguiça monstra de entrar mais uma vez no google.

Nosso destino é pecar, como disse o pudico tio Nelson, padrinho espiritual deste cronista. Por estas plagas, até a virtude prevarica.

Às sextas-feiras, então,já repararam como o cheiro de pecado toma conta dos bares e é mais forte até do que o odor que vem dos ralos e bueiros?

Quem, entre nós, machos & fêmeas, resistiria a uma CPI do amor ou do sexo?

Este cronista ficaria rico, na pele de um camelô de álibis. Ah, as lindas e impagáveis fraquezas da carne.

As despesas com jantares à luz de vela denunciariam os amantes pelo cartão de crédito ou no extrato para simples conferência. Os porteiros de prédios e motéis seriam os mais perseguidos dos depoentes. Seria um inferno.

A melhor amiga ou o melhor amigo, estas instituições supostamente vestais, também seriam convocados a depor. Na CPI do amor sobraria até para o entregador de pizzas, que também sabe muito sobre os segredos de alcova e adonde tudo termina.

Por estas e por outras, melhor abafar o caso, amor, passa o orégano. Segue a vida, melhor, seguimos a morrer em vida, como diria meu amigo Sêneca.

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