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Artigo: A velhice, por Manoel Afonso

Manoel Afonso - 21 de maio de 2007 - 10:19

TODOS QUEREM VIVER MUITO... MAS NINGUÉM QUER FICAR VELHO.
“A gente continua se vendo por dentro como
sempre foi, mas de fora os outros reparam.”
(Gabriel G. Marques)

Não adianta chiar e fazer “biquinho”! Ninguém está “condenado” à juventude eterna. Ignorar ou não a fila dos idosos nos caixas dos bancos é opção exclusivamente sua.
Engraçado! Com o passar dos anos começamos a fazer umas contas e observações estranhas. Falamos do passado distante como se fosse um simples ontem, fazemos comparações inevitáveis e passamos a questionar fatos e o destino de personagens que num certo período integravam nosso mundo.
Nada escapa ao atento crivo: a última viagem de férias, o casamento do fulano, a morte do vizinho da esquina, a compra da sonhada casa, a formatura da filha do amigo, a aposentadoria do tio e assim por diante. Até nossos ídolos são lembrados: cantores que perderam o espaço, campeões esportivos superados e gente da mídia que simplesmente desapareceu ou perdeu papel de destaque na programação. E naquele balanço fatal de final de ano a dura constatação de que o tempo passou “ vapt-vupt.”
Como ironiza Mário Quintana: “É o que dá ver tanta televisão.” Ela nos engana direitinho, valoriza demais a juventude, a aparência física e o poder das “receitas” para se conseguir felicidade e longevidade sem problemas. Como diz um amigo meu: “atrás disso está assim de gente faturando com produtos diversos”.
Não há dúvida que o escritor colombiano foi feliz em sua afirmativa (em sua última obra) citada abaixo do título. Continuamos teimosamente vendo as outras pessoas com os olhos de ontem, como se o tempo não tivesse passado. Mas em contrapartida, somos vistos exatamente como estamos atualmente: mais magros, gordos ou seja – de visual diferente pelo peso natural dos anos vividos.
Claro que cuidar da saúde faz bem e trabalhar na medida do possível também. . A falta do que fazer faz a gente pensar abobrinhas. Cada caso é um caso, mas o Otávio Frias, da Folha de São Paulo, comandava a empresa até o ano passado quando tinha 93 anos de idade. Foi o tipo do cara que nem teve tempo para ficar matutando e se lamuriando contra calendário e o relógio. .
Se não há almoço grátis no banquete da vida, claro que a longevidade - que lhe proporciona tantas emoções e experiências fantásticas também tem seu preço. Pare e pense: já imaginou o que seus amigos que “se foram” ao longo da infância e juventude perderam por não terem vivido tanto quanto você? Se não pensou, é bom pensar logo! O mundo gira... você conclui a faculdade, arruma um emprego, casa, tem filhos e com o tempo o apartamento fica grande demais. Todos terão ido em busca de seus sonhos.. É exatamente a repetição do que fizeram seus avós e pais. Portanto você não será o primeiro e nem o último a experimentar esse ciclo imutável da vida.
E como cautela é igual caldo de galinha, que não faz mal a ninguém, é bom você seguir a tradição oriental, que trata carinhosamente seus velhos, porque se o mundo gira, ele dá volta! E aí...
MANOEL AFONSO
([email protected])
( comentarista da TV.Record-MS)

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