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Artigo: A segurança na internet
A oportuna aprovação, na CPI da Pedofilia, da quebra do sigilo de mais de 3 mil álbuns do sistema Orkut, que podem conter imagens com exploração sexual de crianças, é uma importante vitória. Especialmente porque vem acompanhada da disposição do próprio administrador do sistema de colaborar e encontrar mecanismos que preservem o direito da comunicação e do sigilo e impossibilitem a prática de crimes pela rede. Também constitui um bom e exemplar passo a sentença do magistrado matogrossense que condenou o portal Google a pagar R$ 10 mil a uma mulher indevidamente acusada de caloteira numa das páginas do mesmo Orkut.
A internet e seu conteúdo constituem uma formidável e indispensável maneira dos povos se comunicarem sem censura. Mas essa liberdade que todo ser humano almeja não pode acobertar crimes ou qualquer forma ilícita em que uns prejudiquem os outros. Desde sua instituição, o Orkut, pelo seu dinamismo e agilidade, vem gerando polêmicas e contendas judiciais. Seus administradores têm alegado a impossibilidade técnica de interferir e evitar os danosos excessos. Felizmente, agora acenam com algum tipo de controle. Espera-se que, com isso, a intolerância, a discriminação e outros desvios comportamentais deixem de se explicitar pelas suas páginas.
Desde seus primórdios, o homem tem aberto mão dos direitos absolutos para tentar conviver harmoniosamente em sociedade, beneficiado e obediente às regras estabelecidas. O direito de um vai até onde começa o do outro e assim sucessivamente. A internet nada mais é do que o mundo virtual onde todos passamos a conviver na última década. E também carece de regras sérias e objetivas, sem as quais a vida em comum torna-se insalubre e até perigosa.
A rede mundial presta excelente serviços à comunidade na medida em que abriga e transporta o conhecimento, a atualidade e as manifestações dos usuários. Sua popularização deu-se com muita rapidez e a tecnologia facilitou a agregação de funções das mais variadas. O mundo era um antes do seu surgimento e é outro depois, exigindo a fixação de parâmetros que podem ser comparados singelamente às normas de trânsito em relação aos veículos. Sem elas, o automóvel, outra excelente invenção, constitui-se numa arma letal.
Não há que se pensar em censura ou controle estatal da rede mundial de computadores e seus dispositivos. Mas temos de criar meios de coexistência pacífica enquanto internautas. Nisso as universidades e outros centros do saber inclusive as grandes corporações provedoras têm de se empenhar. Não podemos conviver ao mesmo tempo com a tecnologia de ponta e, no seu bojo, comportamentos comparáveis aos do tempo da barbárie. A sociedade evoluiu ao longo dos séculos e todos os espaços que vierem a se criar devem estar a seu serviço, jamais contra o sagrado direito à vida, ao bem-estar e à convivência.
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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