Hoje usam outras denominações, mas desde menino ouço de que “tristeza mata”. Se fosse possível perguntar ao seu coração o motivo pelo qual deixou de parar, ele certamente responderia: “não foi por nada não...é que fiquei muito triste, não valeu mais a pena continuar.” Mas não quero entrar nesta seara por questões obvias, mas seria uma baita sacanagem se não deixasse registrada minha homenagem ao grande Arlindo.
Muitos vão até sorrir concordando com o que vou dizer. Impossível não se lembrar dele com seu cacoete de arrumar a gola da camisa; de sua mania de dizer “pois não”, de suas críticas irônicas sobre política e futebol. Aliás, ele era o único torcedor da Portuguesa de Desportos em Cassilândia. Só ele mesmo – ainda mais sendo nordestino.
Arlindo era participativo, um otimista! Estava em todas! Tanto é que veio de mala e cuia para Cassilândia, onde começou com sua loja no prédio da casa do Juca Doido, em cujo local foi construído o Banco do Brasil. As imagens dele são inesquecíveis: com sua perua Kombi que usava para ir buscar mercadoria em São Paulo, aquela Belina – chic na época; discursando no Rotary Clube ou reclamando do Juiz quando jogava os rachas no Clube dos 60, sem esquecer é claro, de arrumar a gola da camisa entre um lance e outro. Pode?
Vinha acompanhando de longe essa última fase de sua vida, quando voltou – “solito” - para Aparecida do Tabuado, e confesso que pelas circunstâncias, sua morte, não foi surpresa. É certo que os homens passam pela vida, e pelas cidades. Mas muitos passam e não são nem notados. Por onde passou, Arlindo deixou sua marca, com seu gesto largo espontâneo, sua fala fácil e sua aura iluminada. Como diziam seus mais chegados: “O Arlindo é dos nossos!” Impossível não gostar dele! Mais um da turma que se vai. Até...meu irmão!


Manoel Afonso
(comentarista da TV.Record-MS)